segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Melinda Brugguer Episodio 1: A mulher sem rosto





Melinda Brugguer



 A mulher sentada na bancada esbarrou em elemayer quase o fazendo cair. O homem riu e voltou a beijá-la. Prendia seus cabelos ruivos entre seus longos e fortes dedos, enquanto a outra mão deslizava pela coxa delgada. A respiração começava a ficar ofegante dando inicio ao caminho lascivo que a que aqueles beijos tomavam.
As mãos dele foram ate a gola da camisa social que a ruiva vestia e começou a desabotoá-la. Os lábios vorazes deslizaram pela linha do pescoço até a superfície dos seios...
O telefone no bolso dela começou a tocar. Ela resmungou baixinho.
– Alô, detetive Melinda Brugguer – disse ao atender o telefone. – Para... – resmungou baixinho empurrando o homem que beijava o seu pescoço. – Estarei logo ai...Sim, estou no necrotério, Nicolas está aqui. – desligou – Precisamos ir.
– O que aconteceu?
– A PM encontrou um corpo num galpão da área industrial. – ela saiu da bancada e pegou a jaqueta sobre uma cadeira e fechou os botões da blusa.
Ele pegou uma maleta e a seguiu.
Desceram do carro em uma rua deserta. A PM havia isolado o local, não que houvesse curiosos por perto, mas como de praxe. Os policiais se aglomeravam ao redor de algo quando eles  se aproximaram.
– Nicolas Zanetti, sou o legista. – disse o homem ao passar na frente da detetive e mostrar sua identificação do IML para um policial.
Caminharam para mais perto do corpo. Nicolas se abaixou e retirou o pano que cobria o rosto do cadáver. Melinda levou a mão à boca, achou que nada mais poderia chocá-la. A pele do rosto havia sido retirada com uma precisão quase cirúrgica.


Melinda foi até o delegado.
– Encontraram o rosto da mulher?
–Não, apenas o corpo sem a pele do rosto. – conversavam enquanto iam à direção dos peritos que usavam o luminol em busca de vestígios de sangue.
– Sara? – Melinda chamou um dos peritos.
– Há marcas de sangue próximas a porta o que indica que o corpo foi arrastado ate aqui. Não encontramos nenhuma possível arma do crime, o que confirma a hipótese de que foi morta em outro local e depois desovada aqui.
Nicolas embalou o corpo e mandou para o necrotério. Melinda permaneceu acompanhando de perto o trabalho da pericia.
Aparentemente jovem a vitima fora deixada nua, sem identificações e sem nenhuma pista que pudesse levar a sua identidade ou ao possível assassino.
– Como encontraram o corpo? – a detetive perguntou aos policiais.
– O vigia local o encontrou em uma das rondas.
– Onde ele está?
O policial apontou para um homem sentado próximo a outros PMS. Os olhos ainda assustados do vigia encararam a bela mulher ruiva que vinha em sua direção.
– Olá! – Melinda sorriu tentando se aproximar de maneira amistosa, quase sempre funcionava bem. – Foi você quem encontrou o corpo?
O homem balançou a cabeça positivamente olhando-a da cabeça aos pés.
– Eu estava fazendo a ronda como de costume quando ouvi um barulho e vim ver o que era... e acabei encontrando a mulher. – ele levou a mão à boca e fez sinal da cruz. – Deus do céu, nunca vi coisa mais terrível!
– Conseguiu ver quem deixou o corpo?
– Não, quando cheguei não tinha ninguém não.
– Há outra testemunha? – perguntou ao se voltar para os PMS
– Não encontramos ninguém no raio de um quilometro.
Aquele era o típico caso que tirava o sono de Melinda. No carro, de volta ao necrotério, ela tentava associar as peças soltas. Um cadáver sem rosto? Quem diabos havia arrancado o rosto daquela mulher?
Nicolas estava sentado ao lado do corpo com uma prancheta no colo. Ele parecia extremamente concentrado e não a viu entrar.
– O que está fazendo? – Melinda perguntou ao colocar-se ao lado dele.
– Tentando esboçar um possível rosto para a vítima. Assim, podemos comparar com algum do banco de desaparecidos.
– Você é um gênio, Nic! – ela sorriu dando um selinho nele.
– Bem e por falar em mim e quanto ao meu pedido?
– Já conversamos sobre isso – ela fechou a cara, enquanto andava de um lado para o outro. – Não quero um namorado, muito menos um noivo.
Nicolas bufou. Aquela mulher o tirava do sério. Custava aceitar o pedido de namoro e terminar com aquela historinha de amizade colorida? Aquele feminismo exagerado o irritava profundamente.
– Terminei. – disse ele ao erguer o desenho.
– Vou conferir com o banco de dados dos desaparecidos. – disse ao pegar o desenho e ligar o notebook.
Nicolas colocou as luvas e passou a examinar o corpo.
– Parece que encontrei nossa vitima. – disse Melinda minutos depois. – Simone Luz, estudante de enfermagem da Universidade Federal. A colega de quarto  deu queixa de seu desaparecimento hoje pela manhã.
– Já sei como ela foi morta! – exclamou Nicolas, Melinda foi em sua direção. – Foi um golpe de bisturi logo abaixo dos seios o que causou uma hemorragia interna. Encontrei também sinais de violência sexual.
A ruiva foi até a universidade ver o que descobria por lá. Quando chegou a biblioteca a jovem que procurava estava debruçada sobre um groso livro de anatomia. A garota estava tão concentrada que não percebeu a aproximação.
– Olá meu nome è Melinda, sou detetive da policia e estou aqui pelo desaparecimento da sua amiga.
– Encontraram a Simone? – a garota virou-se eufórica.
–Sim, infelizmente ela está morta. – disse Melinda ao puxar uma cadeira e sentar-se ao lado da garota.
– Não é possível! – os olhos dela se encheram de lágrimas. – Eu disse para ela não se envolver com ele...
– Ele quem?
– o Ricardo. Um cara que ela estava saindo. Eu sabia que era barra pesada.
– Ele é aluno da universidade?
–Sim faz educação física.
Melinda se despediu da jovem, já tinha a informação que precisava. Não disse mais nada quanto ao estado em que o corpo fora encontrado, só a noticia da morte era o bastante.
Ricardo estava sentado na grama com outros amigos, quando viu a aproximação da detetive assustou-se e começou a correr. Melinda disparou atrás dele. Os estudantes do campus olharam a cena, estarrecidos. Ele acabou escorregando na grama, isso foi o suficiente para ser apanhado.
– O que fez com ela?
–Ela quem? Não fiz nada não, senhora. – ele afirmou, ao ter os braços imobilizados.
– Então por que correu de mim?
O rapaz engoliu seco.
–É que tenho alguns problemas com a polícia. – sussurrou. – Mas não foi eu, seja lá o que tenha acontecido não foi eu. Eu to limpo.
– Então o que tem a me dizer sobre Simone? – perguntou a detetive, ainda o imobilizando. Não estava nem um pouco convencida da inocência do rapaz.
– É a minha namorada, o que tem ela?
– Está morta.
Os olhos dele se arregalaram com o susto. Pareceu bastante chocado com a notícia.
– Se correr de novo, coloco a polícia toda atrás de você. – ameaçou a detetive quando seu celular começou a tocar. – Alô.
– Sou eu, Sara, encontramos marcas de pneu que provavelmente pertençam ao assassino. Estou mandando as imagens para o seu celular. Provavelmente uma picape.
– Quero ver o seu carro.
Pela primeira vez Ricardo não tinha nada a temer. Pelo menos assim pensava ele. Guiou a detetive até o estacionamento. Ainda mal podia acreditar naquilo, Simone não poderia estar morta. Sentiu-se culpado, provavelmente quem quer que tenha a matado o fez para atingi-lo. Já havia passado da hora de sair daquela vida.
Melinda avaliou o carro, um Voyage antigo, bem longe das descrições.  Olhou o ambiente ao redor, tinha voltado à estaca zero... Até que algo chamou a sua atenção. Era uma picape e as rodas largas batiam com as marcas da foto.
– Quem é o dono daquele carro? – perguntou a Ricardo.
– Um dos professores de medicina. – respondeu o garoto ainda estupefato.
Melinda pediu um mandato de busca e apreensão e um ajuda para abrir o carro. Quando a pericia chegou encontraram resíduos de terra com materiais semelhantes aos encontrados no local do crime, e uma mancha de sangue no banco foi detectada com luminol. Questionado sobre a presença do sangue o medico e professor disse que era de alguns órgãos usados em suas praticas com os alunos, mas testes confirmaram a presença do DNA da garota. Os rostos de mais três garotas desaparecidas foram encontrados na casa do criminoso, esse tinha o estranho hobby de enquadrar os rostos das alunas. O crime chocou a universidade, ninguém imaginava que um professor tão graduado pudesse ser o assassino. Felizmente a resolução daquele caso impediu que outras alunas tivessem o mesmo triste fim.
– O que acha de irmos lá para casa? – perguntou Nicolas quando Melinda estavam de volta a delegacia.
– Hoje não.
– Tem algum compromisso?
­– Talvez. – Melinda riu.

Nicolas bufou. Mulheres, dê poder a  elas e verá no que se transformam.

by Ashe

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