segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

A travessia parte III


Leia antes
Parte I
Parte II




Eveline deu um passo para trás ainda encarando o homem parado há alguns metros de nós. Ela olhava para o rosto dele ainda incrédula
– Não pode ser... – a ouvi murmurar.
– Eveline... – pronuncie seu nome baixinho. – É um assunto complicado.
Hoan riu.
– Olá, cunhada. – ele surgiu ao lado dela pegando-a de surpresa. – Obrigado por dar ao meu irmão um ponto fraco. – ele colocou uma adaga apontada contra o pescoço dela.
– Fique longe dela! – rosnei.
– Ou o que? – Hoan me desafiou.
Eveline suava frio com a adaga apontada contra a pele frágil do seu pescoço. Seus olhos estavam voltados para mim e clamavam por socorro.
Encarei o meu irmão, que exibia um sorriso sarcástico nos lábios. Eu sabia muito bem do que Hoan era capaz e temi pela vida da minha namorada. Porém, meu irmão também me conhecia bem.
– Eu disse para ficar longe dela! – falei ao surgir na frente dele e o atingir com um chute que o fez voar contra a parede da caverna e lançar a adaga longe.
Eveline me encarou com uma grande interrogação no rosto. Não acreditava no que eu havia feito. Mal fazia ela ideia do quão rápido eu era capaz de me mover.
Hoan começou a rir enquanto se punha de pé e limpava a poeira das vestes negras.
– Confesso: achei que você estivesse enferrujado. – ele ainda ria. – Faz quanto tempo desde a última vez que trinamos juntos, cinco anos? – seus olhos meu fitaram profundamente. – Cinco anos, época em que você ainda não era um traidor.
– Eu não sou um traidor! – gritei alto.                
– Ah não? – Ele perguntou sarcástico . – Até onde eu me lembrava esse era o nome que davam para aqueles que abandonavam a sua própria família para se juntar ao lado inimigo. Fico imaginando o quanto a mamãe estaria decepcionada se visse no quer você se tornou. Uma simples marionete dos nossos inimigos...
– Não fale da nossa mãe. – eu estava furioso. – Ela jamais aprovaria a Nova Ordem.
– Muito pelo contrário, ela se orgulharia de nós, por termos feito do mundo um lugar melhor...
– Cala a boca! – berrei acertando o meu irmão com um soco no rosto. Eu ha estava farto daquela ladainha do Hoan.
Ele foi arremessado mais uma vez contra a parede da caverna. Levantou massageando a bochecha atingida.
– Tudo bem, você quer resolver as coisas desse jeito para mim tudo bem. – Ele partiu para cima de mim me acertando com um golpe na boca do estômago e me fazendo voar.
– Noah! – Eveline berrou correndo na minha direção.
– Fica fora disso, traidora número dois. – advertiu Hoan. – Meu irmão e eu temos alguns assuntos pendentes.
Ela olhou para mim extremamente preocupada.
– Eu vou ficar bem. – prometi a ela ao me levantar.
Parti para cima do meu irmão que se defendeu do meu golpe. Ele deferiu um chute contra o meu peito, mas eu me esquivei.
Hoan sacou uma espada e lançou outra para mim.
– Como nos vemos tempos. – ele murmurou.
Rodei a espada na mão e me coloquei em uma posição confortável. Ele gritou e partiu para cima de mim novamente. O chocar das espadas produzia um barulho agudo quase ensurdecedor.
– Pelo visto você não perdeu a prática. – meu irmão provocou.
– Aprendi coisas novas. – ameacei.
Girei e deferi um golpe de espada contra ele, fazendo com que perdesse o equilíbrio e cabalasse para trás.  Ele aproveitou a deixa e se agachou me dando uma rasteira e fazendo com que eu caísse contra o chão. Eu me defendi como pode dos seus golpes de espada e rolando para o lado.
Seus olhos me encaram com ódio quando se preparou para me dar um golpe final. Meu coração disparou...
Mas... De repente ele tombou e caiu para o lado e eu pode ver Eveline parada atrás dele segurando uma pedra com uma das mãos.
– Precisamos amarrá-lo, antes que acorde. – ela foi logo dizendo.
Peguei umas cordas dentro da mochila e marrei o meu irmão, ainda desacordado, a uma pedra.
– Você tem muitas coisas para me explicar. – Eveline me fuzilou com o olhar.
– Eu sei. – disse de cabeça baixa. – Nem sei por onde começar.
– O inicio é sempre uma boa.
– Bem, Hoan e eu somos irmãos gêmeos como você percebeu. – comecei a dizer. – Desde pequenos fomos treinados para nos tornar assassinos da ordem. Nosso pai é o Klaus...
– O líder supremo da ordem?! – ela engoliu seco.
– Sim... – lamentei. – Nossa mãe morreu quando ainda éramos bem pequenos. Pouco depois do congelamento da terra, ela não concordava com a ideia de um governo ditatorial quando meu pai era apenas um membro da cúpula governante do mundo. Pouco depois que ela se foi meu pai assumiu o controle de tudo e transformou tudo no que vemos hoje... – dei uma breve pausa. - Eu era apenas um fantoche que cumpria ordens, assim como meu irmão. Mas quando me dei conta de quanto mal estava fazendo principalmente àqueles mais fracos eu abandonei a cúpula da Nova Ordem e me juntei à resistência, na luta contra o mau que a minha família causava...
Encarei Eveline, ela não disse nada. Estava chocada demais para fazê-lo, eu não esperava reação diferente.
– Precisamos sair daqui. E levar os cristais. – eu disse. – Antes que meu irmão acorde e traga uma exercito para cá. Termino essa historia em outro momento.
 Sacudi a poeira da minha roupa e caminhei para dentro da caverna.  Demos de cara com um ambiente quase indescritível, de beleza singular. Os cristais revestiam as paredes o chão e o teto, criando um jogo de luzes esplêndido.
– Uau! - Eveline exclamou. – Como é lindo.
Peguei uma bolsa e enchi a com aqueles cristais.
– Vamos dar o fora daqui. – disse a Eveline ao puxar-la pela mão.
– Mas e o seu irmão? – ela se voltou para ele, interrompendo a nossa saída.
– Ele sabe se virar sozinho. E eu que não quero estar por perto quando ele acordar...

Continua...

By Ashe

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