domingo, 21 de setembro de 2014

Melinda Brugguer Episodio 3: A outra


A ruiva estava sentada em sua mesa conversando e rindo alto com alguns membros da pericia. Aquele era um dia parado no departamento de homicídios.
Um homem de macacão cinza entrou na sala carregando um buquê de rosas vermelhas.
– Melinda, é aqui? – perguntou o sujeito.
– Sou eu. – respondeu a detetive, olhando de canto de olho para o homem.
– Entrega para você. – o homem estendeu o buquê.
– Obrigada. – Melinda pegou a encomenda à contra gosto.
– Ohmmmm! – murmurou a perita Sara derretida com a entrega. – De quem é?
Melinda nem mesmo leu o cartão, apenas se levantou e saiu andando. Seus colegas de trabalho ficaram sem entender.
Nicolas estava sentado em um canto de seu pequeno necrotério e desenhava em uma prancheta que apoiava nas pernas.
– Olá! – ele sorriu ao ver a ruiva – Gostou do presente? – ele se referiu ao buquê
Melinda se aproximou de uma lata de lixo e jogou o buquê lá dentro.
– Nunca mais faça isso. – disse ela dando as costas para ele sem nem ao menos esperar por sua reação.
O lápis que ele segurava se partiu ao meio nas mãos do medico e uma lagrima silenciosa escorreu pelo seu rosto caindo sobre o desenho.
– Chega! – ele sussurrou.
Enquanto Melinda caminhava pelo corredor seu celular tocou.
– Detetive Bruguer?... Estou a caminho.
A ruiva dirigiu até a estação de esgoto da cidade. Corpos encontrados no esgoto não costumavam ser comuns. Quando chegou ao local havia uma dezena de curiosos, mas nada fora do habitual, a não ser o corpo de um homem preso na grade que separa os resíduos do esgoto.
Melinda nunca tinha se deparado com algo como aquilo, quem jogava um corpo no esgoto?
 – Bruguer. – disse a detetive ao passar pelo cerco policial mostrando seu distintivo. – O que houve aqui? – ela foi logo perguntando para um dos policiais que tentava conter o tumulto.
– Um operador da casa de maquinas aqui da estação, ligou assim que viu esse corpo preso nas grades.
A detetive assentiu com a cabeça e caminhou na direção dos peritos.
– Alguma informação de quem é a vitima? – perguntou a Sara.
– Pedro Henrique Alves, 32 anos, – a perita respondeu entregando uma carteira molhada e com cheiro forte de esgoto. – tem um crachá do consultório que trabalhava também... – A perita encarou o rosto do homem estirado no chão. – Que droga! Porque matam os bonitões? – choramingou.
Melinda riu.
– Algum sinal da causa da morte? – continuou sua investigação.
– Facada – foi dizendo a perita. – um golpe certeiro na aorta.
– Vou começar pelo trabalho dele então. – disse a detetive pegando o saco plástico que continha a carteira da vitima.
Homem bonito, jovem, classe media, drogas talvez?  A detetive formulava perguntas em sua mente enquanto dirigia rumo ao local em que a vitima trabalhava.
Estacionou o carro na portaria e entrou no prédio.
– Policia, gostaria de fazer perguntas a respeito do assassinato de Predo Henrique Alves. – ela foi se identificando na portaria.
A recepcionista a encarou com choque e engoliu seco.
– Assassinato? – ela engoliu seco e pegou o telefone. – Doutor Eduardo? Aqui é Michele, tem uma policial aqui falando que o doutor Pedro foi assassinado.
– O que??? – Melinda ouviu um grito do outro lado da linha.
– decimo andar, sala 1035. – informou a recepcionista afastando o telefone do ouvido.
Melinda assentiu e foi para o elevador.
– Detetive Bruguer. – Melinda se apresentou ao abrir a porta da sala.
Um homem vestido de branco uns 40 anos estava sentado atrás de uma mesa. Ele a olhou da cabeça aos pés e deu um sorrisinho malicioso.
– Acho que gostaria de ter mais visitas da policia.
– Eu estou aqui por um assunto sério.
– Claro, desculpe-me. Sente-se. – disse o medico se ajeitando na poltrona e assumindo uma postura mais séria. – É verdade o que Michele disse? Pedro está morto? – ele perguntou perplexo.  Não é possível... – ele se engasgou com as palavras – Ele veio trabalhar ontem e estava ótimo.
– Acabamos de encontra-lo no esgoto. – disse a detetive sem medir as palavras.
O homem estava incrédulo.
– Você sabe de alguém que teria motivos para fazer isso? Talvez uma briga? Envolvimento com dragas? – esses motivos estavam entre os casos mais comuns de assassinato. – Você sabe se ele vivia bem com a mulher? Com os filhos?
– Calma, calma. – disse atordoado com o turbilhão de perguntas.  – Pedro é uma das pessoas mais na paz que conheço... ou conhecia, – choramingou – nunca foi de brigar com ninguém não, e ele não é casado nem tem filhos.
– Sabe onde eu posso encontrar os pais dele?
– No cemitério. Morreram faz alguns anos, num acidente de carro.
Melinda se levantou da cadeira e colocou seu cartão sobre a mesa.
– Me ligue. – disse, mas assim que o homem estendeu a mão, rápido para pegar o cartão ela puxou de volta. – Mas só se tiver alguma informação valiosa. – ressaltou a policial. Assim que terminou a frase virou as costas e deixou a sala.
Alguns dias depois Melinda estava sentada na sua sala avaliando o quadro de pistas a sua frente e tudo o que tinha nele era a foto da vitima cujo corpo foi encontrado em um local que com toda certeza não é a cena do crime. Sem antecedentes criminais, sem filhos ou esposa, nem mesmo parentes próximos, nenhum bem roubado.  Um crime passional? Dificilmente...
O celular da detetive tocou a tirando de seus pensamentos.
– Bruguer... Fala sério!
Melinda nem ao menos tinha resolvido um caso e estava a caminho de outro.
– Outro cara bonitão. – choramingou sara enquanto ela e Melinda caminhavam na direção da segunda vitima em menos de uma semana.
O corpo dessa vez havia sido encontrado as margens de um córrego da cidade, mas não muito longe da estação de esgoto. Outro médico, 35 anos, jovem e bonito. Causa da morte? A mesma da vitima anterior, facada no pescoço. Segundo Nicolas um canivete ou uma faca pequena.
Que os dois casos de alguma forma estavam ligados, Melinda tinha algo perto da certeza. Eles tinham uma idade parecida, eram médicos, mas não se conheciam.
Uma semana depois apareceu um terceiro corpo, com as mesmas características dos anteriores. A cidade estava em alvoroço e a mídia não dava sossego para a polícia, a manchete de um possível serial killer estava estampada em todos os jornais. E Melinda não se sentia nem mesmo perto de pegá-lo.
– Acho que precisamos dar uma volta antes que seus neurônios fritem ai. – disse sara ao entrar na sala e ver Melinda fazendo anotações e jogando-as fora momentos depois.  – Acha que não saindo daqui vai resolver isso mais rápido?
– Eu tenho que resolver isso. – Melinda a encarou
– Não, nos precisamos é dar uma volta. – Sara saiu da sala puxando Melinda junto. – Tem um restaurante novo há poucos quilômetros daqui, e estou realmente muito a fim de comer comida japonesa.
Melinda concordou. Não que tivesse opções.
Assim que chegou no restaurante se arrependeu da ideia. Deu de cara com Nicolas sentado em uma mesa e ele estava acompanhado, de uma bela e jovem mulher loira. Eles riam e trocavam caricias.
– Olá, Nicolas! – Sara correu na direção dele. – Que surpresa ver vocês aqui. E quem é essa?
– Prazer meu nome é Alice. A namorada dele. – disse a mulher sorrindo e acariciando os cabelos do legista.
– Namorada... –Melinda engoliu seco.
– Sim – Nicolas sorriu dando um selinho na mulher.
– Eu acho que perdi a fome. – disse Melinda deixando o restaurante.
– Ei, Melinda espera. – Sara saiu atrás dela, e a segurou pelo braço do lado de fora do restaurante.
– Me solta. – Melinda protestou.
– Por que você não diz que o ama e acaba logo com isso? – Sara foi direto ao assunto.
– Eu não o amo!
– Você é uma péssima mentirosa. Quem não gosta não morre de ciúmes.

Continua...

By Ashe

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

A moça do Google maps



Eu estive num acidente de carro a uns anos atrás. Desde então eu quase não saio de casa; a simples ideia de ver um carro passando por mim me dá pânico.
Um amigo meu me ensinou a usar o google maps, tenho certeza que você já ouviu falar. Te permite usar imagens de satélites para ver vários lugares do mundo.Eu fiquei fascinado com essa ferramenta: eu poderia, literalmente, andar por todas as ruas de todas as cidades do mundo.  Eu poderia passear pelo Japão, China, Alemanha, Inglaterra... Até já fui à atrações turísticas como A muralha da China e o castelo do Drácula.
Minha coisa favorita pra fazer era ir à ruas aleatórias em cidades grandes, e contar quantas pessoas e animais eu conseguia ver... cuidando de suas vidas, andando como se não tivesse problema algum na vida.
Notei uma moça na calçada, em Tóquio. andando tranquilamente. deu um zoom nela. Ela carregava uma bolsa cinza com alças brancas. Calça jeans, camiseta branca, tênis vermelho e blusa preta com toca. O google maps borra o rosto das pessoas para proteger sua identidade, mas assim mesmo, eu tenho a sensação que ela estava sorrindo. Na hora, me deu uma grande vontade de estar lá com ela, andando ao seu lado e conversando qualquer bobagem. Suspirei. Deixei meus braços caírem nos braços da cadeira de roda. Isso nunca aconteceria, eu to preso aqui, preso nessa cadeira.
Fechei o notebook, chega por hoje. Fui pra cama. 

Acordei cedo no outro dia e decidi olhar Paris. Paris era sempre divertido, um lugar lindo. Dei zoom numa rua aleatória e comecei a percorre-la. Era uma rua pequena, cheia de lojinhas variadas. No fim, tinha uma faixa de pedestre com várias pessoas atravessando: um homem carrega, andava, olhando para uma velha senhora que carregava uma bolsa enorme. Uma outra mulher estava numa janela, olhando a rua e uma jovem moça guiava um grupo de crianças na faixa.
Eu girei a câmera algumas vezes e então meus olhos se voltaram para um ponto de ônibus, onde vi algo peculiar: vi duas pessoas. Uma delas era uma jovem que estava com os dois pés no chão, sentada de maneira confortável. Foi então que notei os tênis vermelhos, a calça jeans... camiseta branca... blusa preta com toca. O cabelo castanho dela estava amarrado atrás de sua cabeça. Em seu colo, estava uma bolsa cinza de alça branca.
"Que coisa bizzara" pensei comigo mesmo. Não podia ser a mesma mulher. Esse era outra país, outro continente, como podia ser ela?
Maluquice, essas eram imagens aleatórias. ela podia ser uma viajante, além do que, sem poder ver o rosto, era impossível dizer se era ou não a mesma mulher. Cabelo castanho é a cor mais comum de cabelo do mundo e esse tênis vermelho... eu mesmo tenho um igual, comprei na internet.
Dei zoom out e fui fazer algo pra comer.
Depois do almoço, eu decidi olhar Berlim. Peguei uma rua aleatória, como sempre. Não era uma rua muito legal; algum prédios de tijolo, pareciam fábricas. Alguns terrenos vazios cheios de grama e entulho jogado. Mais à frente vi um menino andando, com um celular na mão. Fiquei decepcionado. Estava pronto para sair daquela rua quando notei algo, com o canto do meu olho... aquele par de tênis vermelho.
Ela estava numa esquina, com a mão apoiada num poste, parecia estar tentando atravessar a rua. Sem chance de ser a mesma moça! Mesmo que ela fosse uma viajante, seria impossível mudar de País assim tão rápido. O fato de acha-la em Paris já foi uma coincidência incrível, mas agora? Isso ja tava ficando ridículo.
Eu tava tendo alucinações ou o google decidiu pregar uma peça nos usuários que usam o maps por muito tempo. Procurei no fórum por coisas bizarras que aparecem no google maps. Procurei por uma moça que aparece em todas as cidades, mas não achei nada parecido.
Eu estava nervoso, mas resolvi voltar aos lugares onde a encontrei a primeira vez. Em paris, ela ainda estava no ponto de ônibus, mas não estava mais sentada, mas sim de pé, procurando algo na bolsa. Em Tóquio, ela estava à alguns passos distante de onde eu a encontrei, brincando com um gatinho da rua.
Fui a um lugar novo, Bruxelas. Peguei uma rua qualquer e comecei a girar por ela. Eu estava no que parecia ser um bloco de apartamentos. Não havia ninguém nas ruas a não ser por uma mulher de blusa azul. Suspirei de alívio, eu devia mesmo estar fican... senti um arrepio. Eu estava olhando para as ruas apenas e demorei pra notar alguém na sacada de uma janela... Era ela. Estava com o rosto para frente como se estivesse olhando para a câmera, como se estivesse olhando pra mim.
Em Sydney, ela estava encostada numa parede no estacionamento de uma farmácia. Em Londres, estava embarcando num dos ônibus vermelhos. Em todo lugar que eu olhava, ela estava lá. Passando por uma calçada de tijolos em Veneza. Em Hong Kong, ela estava entre um banco e um McDonalds, ajustando a alça da sua bolsa. A cada imagem, ela estava mais e mais próxima de olhar diretamente pra mim, com seu rosto borrado.
Eu estava aterrorizado, mas o que eu podia fazer? ligar pra polícia? seria ridículo. Quem é ela? ela tava me seguindo? Eu tava seguindo ela? Minha vontade era levantar da cadeira e sair correndo. Porque a única coisa que me fazia me sentir livre, agora era minha maior prisão? 
Tinha algo que eu precisava fazer... Digitei o nome da minha cidade.
Achei ela, a alguns quilômetros da minha casa, em um parque, sentada num banco e apontando para frente. Para mim. Ela me achou... Eu tive vontade de vomitar.
Rapidamente, digitei o nome da minha rua. Percorri ela toda, rodeando o prédio onde eu morava... e nada. Eu não a vi. Nada dela. Vi umas pessoas, mas não ela. Suspirei e me deixei relaxar na cadeira. Eu estava a salvo aqui. Eu nunca saia de casa mesmo. Nunca mais vou usar o google maps, nunca mais vou ver ela.
Foi então, que eu ouvi uma batida na porta. Tremi. E então eu percebi: o maps mostra apenas as ruas, e não o interior dos prédios...
Usei a câmera da minha porta que estava ligada ao meu computador, algo que fiz pra facilitar minha vida, nessa minha situação.
Olhei para tela e vi uma mulher de calça jeans, camiseta branca, blusa preta com toca. Segurando uma bolsa de alça branca. Ela olhava diretamente para a câmera, seu rosto ainda era um borrão. Eu estava com um grito na garganta, quando ela ergueu a mão e bateu na minha porta.
Gelei.
Eu não ia me mexer. Nem respirar. Nunca mais.
Nunca.








quarta-feira, 10 de setembro de 2014

O homem mau.



Ele tem me perseguido por semanas. 
Eu não sei quem ele é, mas eu sei o que ele é, e o que ele quer.
Ele é perigoso. Matou antes e vai matar de novo, para me pegar.
Me arrastar daqui para um lugar ruim, um lugar terrível e frio, do qual eu nunca mais vou voltar; um passo em falso e ele me pega.
Eu não posso deixar isso acontecer. Eu tive cuidado, muito cuidado, mas ele em achou assim mesmo. Eu não estou mais a salvo, e todas as vezes, eu o sinto me olhando, rondando minha casa durante a noite, olhando pela janela. Me perseguindo. E agora ele está aqui, bem aqui, dentro da minha casa, do meu santuário... então, eu me escondi.
Porque eu estava com medo. Claro, de começo, isso foi tudo, medo. Mas enquanto eu o escuto vasculhando minha casa, me lembrei das noite de terror que esse homem me fez passar, e agora, violando minha casa... meu medo, foi se tornando ódio. Eu sei que isso é idiota. Eu sei que ele é capaz de coisas terríveis, eu sei que ele é mais forte do que eu e isso pode ser meu fim, mas eu simplesmente não posso mais viver assim. Ele não vai me pegar sem uma luta.
Preciso pensar: minha mente ta confusa, meu coração bate tão forte que parece que ele se relocou para minha garganta.
Limpei o suor das minhas mãos na minha calça. "Controle-se homem!" pensei comigo mesmo. "Encare o medo, vença o medo. Deixa a raiva te controlar."
Ok, a hora de pensar acabou. Eu vou me arriscar mesmo que isso me mate.
Eu estava escondido na cozinha, atrás da geladeira. Quando ouvi o barulho de uma porta abrindo, percebi que seria minha chance: enquanto ele olhava outro quarto, eu, com cuidado, peguei uma faca da gaveta. Com a outra mão, eu peguei uma moeda que estava no meu bolso...
É isso; está realmente acontecendo. Não é um sonho, não é um pesadelo... ou é um pesadelo que se tornou real... O tempo parou à minha volta: eu só ouvia o barulho do relógio da cozinha, sincronizado com meu coração.
Ouvi os passos dele. estava s aproximando. A geladeira ficava perto da porta da cozinha, então, eu estava protegido até que ele entrasse completamente. Ouvi seus passos. Ele estava agora, do outro lado da geladeira. Menos de um metro distante de mim.
Peguei a moeda e a joguei na porta dos fundos da cozinha, por sorte, o barulho o atrairia para lá, talvez isso o faça pensar que eu fugi por ali... Deus por favor, faça isso funcionar!
O barulho da moeda o fez parar. por uns segundos. Lentamente, ele voltou a andar, mas dessa vez, na direção do barulho. Passou por mim. Estava de costas pra mim, a menos de um metro.
Agora! Era minha chance. Com medo, mas determinado, eu pulei sobre ele, passei a faca em sua garganta e puxei, abrindo um corte...
Ele gemeu. Caiu de joelhos, e depois foi ao chão.  Após um segundos gemendo... fez-se silêncio. Doce silêncio. 
Eu consegui! Eu me livrei dele! livrei minha vida!
Estou em choque? Isso é real? O pesadelo acabou? Será? joguei a faca na pia, eu a limpo depois. minhas mãos e pernas ainda tremiam muito. 
Destranquei a porta do meu porão e desci as escadas. Respirei fundo. Maldito porco estúpido!Com quem ele pensava que tava se metendo? Ele achou que eu era algum tipo de amador? Ele achou mesmo que ele iria conseguir aparecer na primeira página do jornal local? achou que seria promovido à detetive por isso? Mas que panaca! Bem... ele está morto, e eu não. 
Acendi a luz.
Ela se arrastou para um canto, assustada. Estava presa com correntes e com uma amordaça na boca.
Me olhou, completamente aterrorizada, o que mais você esperava de uma menina de 12 anos trancada num porão? 
Gentilmente, eu sequei as lágrimas que escorriam do seu rosto e lhe fiz um carinho na cabeça.
- Não se preocupe queria. O homem mau já foi.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Da próxima vez, você lembrará.



Alguma vez você já entrou em um quarto e encontrou um vampiro?
Não,não o tipo sexy de Hollywood, que se apaixona e brilha como uma fada.
Mas sim, uma criatura perversa, com braços e pernas ossudos e pele apodrecida?
O tipo que te encara, conforme entra, como uma fera selvagem, encarando uma presa.
O tipo que te atrai para o lugar escuro onde ele está, com profundos e hipnóticos olhos, te deixando incapaz de correr, enquanto você testemunha, apavorado, ele se soltar da escuridão que se encontra, e caminhar até você, indefeso, com o coração acelerado mas com as pernas travadas?
Você já sentiu o tempo diminuir à sua volta, enquanto a criatura atravessa a escuridão do quarto, na velocidade de um piscar de olhos ?
Alguma vez você já tremeu de medo, quando lhe tocam com uma longa e afiada garra na testa e outra no queixo, assim, virando sua cabeça de lado, para dar uma boa olhada no seu pescoço?
Já sentiu o arrepiar e o nojo, dele escorrendo sua língua comprida e pegajosa, nas suas bochechas, na sua boca e na garganta?
Já pôde sentir, o hálito quente dele,liberado como um sussurro, contra sua pele? Enquanto ele enfia lentamente, a ponta da língua, no seu ouvido, ficando assim por uns segundos, como se estivesse saboreando seu medo?
Você alguma vez já sentiu às trevas à mente, como se tudo que você pudesse ver e sentir, fosse sugado da sua cabeça, conforme você percebe, que nem todos os vampiros se alimentam de sangue, mas alguns, de memórias?
E então, já?
Provavelmente não, né?
Deixe-me reformular a pergunta: 

Alguma vez você entrou num quarto, e de repente, esqueceu completamente o que foi fazer lá?