quarta-feira, 10 de setembro de 2014

O homem mau.



Ele tem me perseguido por semanas. 
Eu não sei quem ele é, mas eu sei o que ele é, e o que ele quer.
Ele é perigoso. Matou antes e vai matar de novo, para me pegar.
Me arrastar daqui para um lugar ruim, um lugar terrível e frio, do qual eu nunca mais vou voltar; um passo em falso e ele me pega.
Eu não posso deixar isso acontecer. Eu tive cuidado, muito cuidado, mas ele em achou assim mesmo. Eu não estou mais a salvo, e todas as vezes, eu o sinto me olhando, rondando minha casa durante a noite, olhando pela janela. Me perseguindo. E agora ele está aqui, bem aqui, dentro da minha casa, do meu santuário... então, eu me escondi.
Porque eu estava com medo. Claro, de começo, isso foi tudo, medo. Mas enquanto eu o escuto vasculhando minha casa, me lembrei das noite de terror que esse homem me fez passar, e agora, violando minha casa... meu medo, foi se tornando ódio. Eu sei que isso é idiota. Eu sei que ele é capaz de coisas terríveis, eu sei que ele é mais forte do que eu e isso pode ser meu fim, mas eu simplesmente não posso mais viver assim. Ele não vai me pegar sem uma luta.
Preciso pensar: minha mente ta confusa, meu coração bate tão forte que parece que ele se relocou para minha garganta.
Limpei o suor das minhas mãos na minha calça. "Controle-se homem!" pensei comigo mesmo. "Encare o medo, vença o medo. Deixa a raiva te controlar."
Ok, a hora de pensar acabou. Eu vou me arriscar mesmo que isso me mate.
Eu estava escondido na cozinha, atrás da geladeira. Quando ouvi o barulho de uma porta abrindo, percebi que seria minha chance: enquanto ele olhava outro quarto, eu, com cuidado, peguei uma faca da gaveta. Com a outra mão, eu peguei uma moeda que estava no meu bolso...
É isso; está realmente acontecendo. Não é um sonho, não é um pesadelo... ou é um pesadelo que se tornou real... O tempo parou à minha volta: eu só ouvia o barulho do relógio da cozinha, sincronizado com meu coração.
Ouvi os passos dele. estava s aproximando. A geladeira ficava perto da porta da cozinha, então, eu estava protegido até que ele entrasse completamente. Ouvi seus passos. Ele estava agora, do outro lado da geladeira. Menos de um metro distante de mim.
Peguei a moeda e a joguei na porta dos fundos da cozinha, por sorte, o barulho o atrairia para lá, talvez isso o faça pensar que eu fugi por ali... Deus por favor, faça isso funcionar!
O barulho da moeda o fez parar. por uns segundos. Lentamente, ele voltou a andar, mas dessa vez, na direção do barulho. Passou por mim. Estava de costas pra mim, a menos de um metro.
Agora! Era minha chance. Com medo, mas determinado, eu pulei sobre ele, passei a faca em sua garganta e puxei, abrindo um corte...
Ele gemeu. Caiu de joelhos, e depois foi ao chão.  Após um segundos gemendo... fez-se silêncio. Doce silêncio. 
Eu consegui! Eu me livrei dele! livrei minha vida!
Estou em choque? Isso é real? O pesadelo acabou? Será? joguei a faca na pia, eu a limpo depois. minhas mãos e pernas ainda tremiam muito. 
Destranquei a porta do meu porão e desci as escadas. Respirei fundo. Maldito porco estúpido!Com quem ele pensava que tava se metendo? Ele achou que eu era algum tipo de amador? Ele achou mesmo que ele iria conseguir aparecer na primeira página do jornal local? achou que seria promovido à detetive por isso? Mas que panaca! Bem... ele está morto, e eu não. 
Acendi a luz.
Ela se arrastou para um canto, assustada. Estava presa com correntes e com uma amordaça na boca.
Me olhou, completamente aterrorizada, o que mais você esperava de uma menina de 12 anos trancada num porão? 
Gentilmente, eu sequei as lágrimas que escorriam do seu rosto e lhe fiz um carinho na cabeça.
- Não se preocupe queria. O homem mau já foi.

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