Eveline deu um passo para trás
ainda encarando o homem parado há alguns metros de nós. Ela olhava para o rosto
dele ainda incrédula
– Não pode ser... – a ouvi
murmurar.
– Eveline... – pronuncie seu nome
baixinho. – É um assunto complicado.
Hoan riu.
– Olá, cunhada. – ele surgiu ao
lado dela pegando-a de surpresa. – Obrigado por dar ao meu irmão um ponto
fraco. – ele colocou uma adaga apontada contra o pescoço dela.
– Fique longe dela! – rosnei.
– Ou o que? – Hoan me desafiou.
Eveline suava frio com a adaga
apontada contra a pele frágil do seu pescoço. Seus olhos estavam voltados para
mim e clamavam por socorro.
Encarei o meu irmão, que exibia um
sorriso sarcástico nos lábios. Eu sabia muito bem do que Hoan era capaz e temi
pela vida da minha namorada. Porém, meu irmão também me conhecia bem.
– Eu disse para ficar longe dela! –
falei ao surgir na frente dele e o atingir com um chute que o fez voar contra a
parede da caverna e lançar a adaga longe.
Eveline me encarou com uma grande
interrogação no rosto. Não acreditava no que eu havia feito. Mal fazia ela
ideia do quão rápido eu era capaz de me mover.
Hoan começou a rir enquanto se punha
de pé e limpava a poeira das vestes negras.
– Confesso: achei que você
estivesse enferrujado. – ele ainda ria. – Faz quanto tempo desde a última vez
que trinamos juntos, cinco anos? – seus olhos meu fitaram profundamente. – Cinco
anos, época em que você ainda não era um traidor.
– Eu não sou
um traidor! – gritei alto.
– Ah não? – Ele perguntou
sarcástico . – Até onde eu me lembrava esse era o nome que davam para aqueles
que abandonavam a sua própria família para se juntar ao lado inimigo. Fico
imaginando o quanto a mamãe estaria decepcionada se visse no quer você se
tornou. Uma simples marionete dos nossos inimigos...
– Não fale da nossa mãe. – eu
estava furioso. – Ela jamais aprovaria a Nova Ordem.
– Muito pelo contrário, ela se
orgulharia de nós, por termos feito do mundo um lugar melhor...
– Cala a boca! – berrei acertando
o meu irmão com um soco no rosto. Eu ha estava farto daquela ladainha do Hoan.
Ele foi arremessado mais uma vez
contra a parede da caverna. Levantou massageando a bochecha atingida.
– Tudo bem, você quer resolver as
coisas desse jeito para mim tudo bem. – Ele partiu para cima de mim me
acertando com um golpe na boca do estômago e me fazendo voar.
– Noah! – Eveline berrou correndo
na minha direção.
– Fica fora disso, traidora número
dois. – advertiu Hoan. – Meu irmão e eu temos alguns assuntos pendentes.
Ela olhou para mim extremamente
preocupada.
– Eu vou ficar bem. – prometi a
ela ao me levantar.
Parti para cima do meu irmão que
se defendeu do meu golpe. Ele deferiu um chute contra o meu peito, mas eu me
esquivei.
– Como nos vemos tempos. – ele
murmurou.
Rodei a espada na mão e me
coloquei em uma posição confortável. Ele gritou e partiu para cima de mim
novamente. O chocar das espadas produzia um barulho agudo quase ensurdecedor.
– Pelo visto você não perdeu a
prática. – meu irmão provocou.
– Aprendi coisas novas. – ameacei.
Girei e deferi um golpe de espada
contra ele, fazendo com que perdesse o equilíbrio e cabalasse para trás. Ele aproveitou a deixa e se agachou me dando
uma rasteira e fazendo com que eu caísse contra o chão. Eu me defendi como pode
dos seus golpes de espada e rolando para o lado.
Seus olhos me encaram com ódio
quando se preparou para me dar um golpe final. Meu coração disparou...
Mas... De repente ele tombou e
caiu para o lado e eu pode ver Eveline parada atrás dele segurando uma pedra
com uma das mãos.
– Precisamos amarrá-lo, antes que
acorde. – ela foi logo dizendo.
Peguei umas cordas dentro da
mochila e marrei o meu irmão, ainda desacordado, a uma pedra.
– Você tem muitas coisas para me
explicar. – Eveline me fuzilou com o olhar.
– Eu sei. – disse de cabeça baixa.
– Nem sei por onde começar.
– O inicio é sempre uma boa.
– Bem, Hoan e eu somos irmãos
gêmeos como você percebeu. – comecei a dizer. – Desde pequenos fomos treinados
para nos tornar assassinos da ordem. Nosso pai é o Klaus...
– O líder supremo da ordem?! – ela
engoliu seco.
– Sim... – lamentei. – Nossa mãe
morreu quando ainda éramos bem pequenos. Pouco depois do congelamento da terra,
ela não concordava com a ideia de um governo ditatorial quando meu pai era
apenas um membro da cúpula governante do mundo. Pouco depois que ela se foi meu
pai assumiu o controle de tudo e transformou tudo no que vemos hoje... – dei
uma breve pausa. - Eu era apenas um fantoche que cumpria ordens, assim como meu
irmão. Mas quando me dei conta de quanto mal estava fazendo principalmente
àqueles mais fracos eu abandonei a cúpula da Nova Ordem e me juntei à resistência,
na luta contra o mau que a minha família causava...
Encarei Eveline, ela não disse
nada. Estava chocada demais para fazê-lo, eu não esperava reação diferente.
– Precisamos sair daqui. E levar
os cristais. – eu disse. – Antes que meu irmão acorde e traga uma exercito para
cá. Termino essa historia em outro momento.
Sacudi a poeira da minha roupa e caminhei para
dentro da caverna. Demos de cara com um
ambiente quase indescritível, de beleza singular. Os cristais revestiam as
paredes o chão e o teto, criando um jogo de luzes esplêndido.
– Uau! - Eveline exclamou. – Como
é lindo.
Peguei uma bolsa e enchi a com
aqueles cristais.
– Vamos dar o fora daqui. – disse
a Eveline ao puxar-la pela mão.
– Mas e o seu irmão? – ela se
voltou para ele, interrompendo a nossa saída.
– Ele sabe se virar sozinho. E eu
que não quero estar por perto quando ele acordar...
Continua...
By Ashe
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