terça-feira, 1 de julho de 2014

O segredo de treasure island

   

   Pouca gente sabe, mas a Disney é a principal responsável por tornar uma pequena vila, em uma vila fantasma que hoje em dia é conhecida apenas como Ghost Town.
   A Disney construiu o Treasure Island Resort, ou, resort da ilha do tesouro, que, em 1999 teve seu nome alterado para Discovery Island, ou, Ilha da descoberta., localizado na baia de Becker, nas Bahamas. 
   Outro fato é que a Disney investiu cerca de 30 milhões nesse paraíso tropical e em pouco tempo de existência, eles simplesmente fecharam as portas, abandonando o local. A desculpa dada foi que as águas ao redor da ilha eram rasas demais para os seus navios operassem. Chegaram até mesmo a culpar os trabalhadores locais, acusados de preguiçosos demais para trabalhar em horário regular.
   Bom, aqui acaba toda a verdade sobre essa historia. Não era culpa das águas rasas ou por que os trabalhadores eram preguiçosos demais. Ambas eram apenas desculpas convenientes. Sinceramente, não acreditei desde o começo nessa conversa da Disney, por causa do palácio de Mogli. Talvez você ja tenha ouvido falar em Mogli o menino lobo. Se nunca leu o livro ou viu o filme, talvez já tenha visto a animação da Disney sobre Mogli.
   Trata-se de uma criança abandonada na selva que ao mesmo tempo era cuidada e ameaçada por animais. O palácio de Mogli foi um projeto polêmico desde o inicio; a Disney comprou um quantidade enorme de terra para a construção, e na verdade, houve um escândalo envolvendo essa compra de terras. O governo local vendeu as casas dos moradores para a Disney. Houve até um fato de uma família que tinha acabado de construir uma casa, e ela em seguida, fora demolida com pouca ou nenhuma explicação. 
   As casas foram arrasadas,  o terreno foi limpo e não houve nada que qualquer pessoa pudesse fazer sobre isso. Tvs e jornais locais, no inicio eram contra a construção e atacavam a Disney, mas, com alguma intervenção e provavelmente algum suborno, que as opiniões mudaram repentinamente. A Disney investiu e a construção foi enfim terminada.
   A construção estava completa, e os visitantes realmente puderam se hospedar nos hotéis do resort e a cidade, ficou atolada com tráfego e um numero enorme de turistas perdidos e mal humorados. 
   Então, um dia, simplesmente, tudo parou. A Disney desligou o lugar, fechou os portões e ninguém sabia se quer o que pensar. Isso deixou os moradores locais muito felizes; a perda da Disney foi hilária e maravilhosa para o grande numero de pessoas que nunca quis aquilo.
   Eu, sinceramente nem lembrava desse lugar, desde que soube que tinha sido fechado, à décadas atrás. Então, eu li um artigo sobre alguém que explorou parte da Treasure Island e criado um blog direcionado à sua aventura, com  fotos e textos que descreviam tudo que ele tinha achado por lá, coisas simplesmente que foram largadas para trás, coisas quebradas, desfiguradas, talvez, vandalizadas por alguns dos trabalhadores revoltados por terem perdido seus empregos. Depois de abandonado, os moradores irritados fizeram uma grande pilhagem e destruição, isso incluindo o palácio de Mogli. 
   E qual meu ponto nisso tudo? bem, eu pensei, que poderia ser legal explorar o palácio de Mogli, tirar umas fotos e escrever sobre as coisas que eu encontrasse, e quem sabe, com sorte, achar algo que estivesse parcialmente inteiro para trazer para casa. 
   Na verdade eu não fui de imediato, honestamente, levei um ano para fazer essa viagem, depois que li sobre o palácio do resort. Nesse tempo, fiz uma pesquisa sobre o local, ou pelo menos tentei; nenhum site da Disney ou qualquer outra fonte faz qualquer menção desses fatos. Como é de conhecimento geral, é possível para algumas empresas pagar ao google para remover certos links de suas buscas.  Então, no fim das contas eu descobri bem pouco sobre o lugar, tudo que eu tinha era um mapa velho, que eu tinha recebido pelo correio no anos 90. Era um item promocional que era enviados à pessoas que haviam ido recentemente à Disneyland, que foi eu caso, na época. Ainda assim, levei um bom tempo para localizar esse mapa, pois eu o havia esquecido junto com livros e revistas velhas, no porão da casa da minha mãe. 

   Os moradores locais não foram cooperativos, pior: zombavam de mim ou faziam gestos rudes, deixando bem claro sua xenofobia. 
   Os portões estavam enferrujados, mas, abertos o bastante para eu poder me espremer por entre eles, então, peguei a câmera e o mapa. O terreno interno estava todo devastado: palmeiras permaneciam tortas, apoiadas em restos de escombros. Haviam bananeiras também, mortas e decompostas. Toda estrutura externa estava quebrada, as madeiras, apodrecidas. O que parecia ter sido um balcão de informações, agora era apenas uma pilha de sujeira desgastada pelo tempo.
   A coisa mais interessante na entrada, era uma estátua de Balu, o urso de Mogli, o menino lobo. Ele estava ali, parado, com um sorriso alegre e braços abertos, em uma pose animada,e , por algum motivo, intacto, a não ser pelo castigo que o tempo tinha lhe dado. 
   Adentrei o palácio, apenas para ver longos saguões e corredores vazios, com pichações por toda parte, onde a parede ainda não havia descascado. As portas estavam ausentes, com as dobradiças removidas, o que me fez pensar que foram roubadas. O interior tinha um vazio gritante; até as molduras das paredes pareciam ter sido roubadas. Tudo mais que era grande ou pesado demais para ser roubado, tinha sido destruído. Segui minha aventura, com meus passos ecoando ao longo dos corredores.
   A cozinha era o que vocês podem esperar: uma grande área com equipamentos para produção de comida. Tudo que era de vidro estava quebrado, todas as portas, armários e superfícies metálicas estavam amassadas por chutes. Ao fundo, eu vi um enorme freezes, e o adentrei.  Tudo que encontrei lá dentro foram filas intermináveis de ganchos pendurados, provavelmente, ganchos onde a carne ficava pendurada. E enquanto eu explorava o local, notei que os tais ganchos estavam balançando. Olhei com atenção e notei que o balançar deles eram aleatórios, cada gancho balançava pra um lado e uma velocidade diferente. Me aproximei e segurei-os para faze-los parar de balançar, mas segundos depois que eu os soltei, eles voltaram a balançar.
   Os banheiros estavam em grande parte no mesmo estado que todo o resto. os vasos, pias e mictórios estavam moídos ou atolados de fezes secas e decompostas. O fedor eram tão grande que não consegui permanecer ali por muito tempo. 
   Haviam muitos quartos no palácio, mas, naturalmente eu não tinha tempo de olhar todos, então, explorei somente alguns para tirar umas fotos. Eles estavam igualmente vandalizados e pilhados, não que eu esperasse encontrar algo por lá, mas quando estava no corredor, pensei ter ouvido alguma coisa, como um rádio ou televisão ligada. Um voz, como um sussurro, vinha do fundo do corredor... pelo que me lembro, foi algo como " eu não sabia disso! eu não te disse!" ou algo assim. Eu sei, isso parece estranho, mas estou apenas relatando o que ouvi, ou pensei ter ouvido. Quando estava saindo, pensei ter visto algo ou alguém correndo por entre um dos quartos, provavelmente um mendigo que deve se esconder por alí. Tratei de sair rapidinho, antes que esses mendigos resolvessem me atacar de alguma forma. 
   Voltando mais uma vez às portas de entrada do palácio, percebi que não tinha achado anda interessante para fotografar e que minha viagem tinha sido a toa. Porém, enquanto olhava ao redor, notei algo interessante, algo que não tinha notado antes. Havia uma estátua realista de uma cobra enorme, cerca de dois metros e meio de comprimento, enrolada num pedestal, bem no centro do lugar. me aproximei e tirei uma boa foto, depois me aproximei mais e tirei mais uma. Por ultimo, quis uma foto bem de perto do rosto da cobra, mas para minha surpresa, quando mirei a câmera, a cobra lentamente levou a cabeça, olhou nos meus olhos e deslizou para fora, passando por um buraco na parede, em direção à floresta.
   Fiquei paralisado de medo, com a boca aberta, pensando o quão perto de morrer eu estive e não sabia. Fiquei ali por algum tempo, depois, pisquei os olhos, me recuperando do choque e me afastei dalí, voltando para o palácio. Com passos tortos, eu respirei fundo  estapeei meu próprio rosto, para tentar voltar a mim. Quando comecei a me sentir melhor, notei uma escada para baixo, atrás do demolido balcão de recepção. Usando o flash da câmera como um tipo de lanterna, eu pude ver que a escada terminava em uma porta de metal, que parecia estar intocada.  Ao me aproximar, vi um cadeado na porta e uma placa que dizia apenas "mascotes".
   Isso em animou bastante por dois motivos: 1- era uma area de mascotes, lá dentro definitivamente teria algo interessante para fotografar. 2- o cadeado ainda estava no local, ou seja, ninguém ainda havia ido lá: nem os moradores furiosos, nem os mendigos nem os vândalos, certamente, eu acharia algo para poder levar embora. 
   Não levei muito tempo para arrombar o cadeado, na verdade eu simplesmente puxei a placa de metal onde o cadeado estava preso. Repeti o processo até ela ceder, caindo no chão com o cadeado, algo que ninguém tinha aparentemente pensado em fazer ou, não tinha sido capas de fazer a alguns anos atrás.
   No interior, o quarto estava completamente escuro, usei mais uma vez o flash da câmera para procurar algum interruptor de luz na parede, mas não achei nada. Enquanto eu pensava no que fazer, fui jogado pra fora do meu ser, por um zumbido elétrico e estranho sobre minha cabeça, fileiras de luzes em cima de mim, de repente, começaram a se acender. O quarto era exatamente como eu havia imaginado: vários uniformes da Disney perdurados nas paredes; pareciam cadáveres animados e grudados por uma força invisível. Haviam prateleiras inteiras, cobertas de roupas e tangas nativas. Mas o que eu achei mais estranho e quis fotografar imediatamente, foi uma fantasia do Mickey Mouse, caída no chão, no centro da sala, deitada de costas como uma vítima de assassinato. O pelo sobre o traje estava podre e caindo aos poucos. Suas roupas estavam gastas e quase sem cor. Tirei fotos de outros trajes pendurados também, e em vários ângulos, para mostrar bem os personagens, com rostos podres e alguns com olhos faltando.
    Peguei cuidadosamente a cabeça de um traje do pato Donald, cuidando para ela não desmanchar nas minhas mãos, quando então ouvi um barulho de algo caindo no chão. Senti que algo caiu da cabeça do traje e se despedaçou aos meus pés. Olhei para meus pés e vi, entre meus tênis, um crânio humano. Ele tinha caído de dentro da cabeça do Donald quando eu a removi. Larguei a cabeça de pano e corri para porta, mas quando cheguei nela, parei e me virei para o quarto de novo. Aquilo daria uma boa foto, pensei. Eu precisava de uma foto para provar o que tinha acontecido ali. Aquilo era uma pessoa morta e a Disney, de algum a forma era a responsável. 
   Foi então, que no meio da sala, Mickey Mouse começou a se levantar. Com as mãos trêmulas, coração acelerado e pernas que mais pareciam geleia, eu levantei minha câmera e apontei para ele, que agora me avaliava calmamente, dos pés à cabeça. 
   Em seguida, minha camera ficou toda escura, como se a bateria, de uma vez, estivesse esgotado. Ergui mais uma vez os olhos para o traje do Mickey.
   "Hey" ele disse.
   Apenas olhei.
   "Quer ver a minha cabeça sair?"
   Num tom abafado e cansado, mas ainda assim, executando a voz do personagem.
   Ele levou as mãos cobertas de luva até a cabeça, e começou a puxa-la e torce-la. Seus movimentos eram impacientes, ele parecia ter muito anseio por se livrar daquela cabeça.
   Enquanto ele puxava a cabeça, muito sangue, muito sangue mesmo, grosso, espesso e nojento começou a escorrer do seu pescoço.
   Eu me virei para correr para fora do palácio, mas, quando em virei, ouvi um barulho horrível de carne e pano se rasgando. 
   Depois que fugi daquele lugar, pro bem da minha sanidade, eu finalmente entendi porque a Disney não queria que aquele lugar fosse descoberto. Eles não queriam, que um curioso como eu abrisse aquela porta, e soltasse o que estava lá dentro.
   Definitivamente, algo como aquilo, não deveria sair de lá... 
   







 

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