“Dizem
que os heróis não nascem, eles são criados. Homens e mulheres
normais que são tirados de suas vidas comuns e forçados a se opor
contra inimigos impossíveis de serem derrotados, para se tornarem
lendas. Mas como são eles criados? Um herói surge quando o vilão
comete o maior erro de sua vida: pensar que ele é invencível.
Quando o vilão chega a esse pensamento sobre si mesmo, ele dá
inicio à uma reação em cadeia que o guiará para seu fim
inevitável.”
O ancião
coçou a barba em silencio; Há quase dois dias, seres das trevas
cercavam sua pequena aldeia e tudo que ele podia dizer aos moradores
era para terem fé.
Mas a fé
lhes foi tirada, ou melhor, sugada.
A aldeia
sempre fora alvo de sanguessugas, mas nas ultimas horas, a situação
piorou: eles que apareciam uma vez por mês para se divertirem com os
jovens, agora passaram a atacar a todos, todos os dias. Abusos,
torturas e claro, assassinato. Eles se alimentam não apenas de seu
sangue, mas de suas almas, quanto mais torturada a alma, mais
saborosa. Ninguém pode pará-los e eles sabem disso.
Rostos
angelicais em vestes escuras e elegantes; demônios em pele de
adolescentes, correm e gritam em êxtase, saboreando seu doce
triunfo, seu poder sobre os mais fracos. Eles sabem que são
superiores, e nenhum mortal pode toca-los.
A lua
está cheia.
Três
chupadores de sangue estavam presentes: dois rapazes e uma moça. O
lider era um rapaz alto com cabelos loiros e arrepiados. O outro era
mais baixo, com cabelos negros, longos e lisos. A garota vestia-se
como uma goth-lolita, com cabelos loiros e cacheados, baton e esmalte
preto.
Aos
seus pés, algumas crianças, amarradas umas as outras. Seus corpos
estavam sujos de sangue. Os demais aldeões apenas assistiam; os que
tentaram revidar foram rapidamente mortos pela enorme força dos
jovens demônios; o pai de uma das crianças, num ataque de raiva,
atacou-os com um machado... O pobre homem agora é uma poça de
sangue, com o próprio machado enterrado na cabeça.
- Sangue
jovem, a melhor safra! – diz o lider, aproximando-se das crianças
amarradas.
Ele se
aproxima mais de uma criança: uma menina de mais ou menos 4 anos,
toda sujinha.
- Vou
morder sua bochechinha, vou morder seu narizinho...
Enquanto
falava, ele tocava com a ponta do dedo a bochecha e o nariz da
garotinha, respectivamente.
- Você
é comportadinha não é? - continuou ele – Tá vendo seu papai
ali? Ele não foi comportadinho... ele disse coisas feias e por isso
eu matei ele. Mas você não. Você é um anjinho!
Nesse
momento, uma figura coberta dos pés à cabeça por um capuz,
levantou-se do meio dos aldeões: tinha quase a mesma altura dos
jovens demônios. Ele aproximou-se do circulo de sacrifícios,
quando só então é percebido.
- Quem é
esse? – perguntou a garota sanguessuga. – Sua hora já vai
chegar, não precisa ter pressa!
Ela
aproximou-se do encapuzado para lhe empurrar, mas, sentiu-se
vacilante ao se aproximar dele, como se algum tipo de força
invisível a deixasse insegura. Ela reparou também, que aquele à
sua frente, pronunciava repetidamente, palavras em uma língua
estranha.
-
Fugata daemones et spiritus nequam.
Soava
como uma prece, calma e suave em uma macia voz feminina.
Os
colegas da criatura das trevas notaram seu temor e estranharam:
- Qual o
problema Ash?
- Essa
pessoa... – a vampira apenas apontava para o encapuzado a sua
frente, sem conseguir concluir a frase.
Erguendo
o capuz, a figura revela-se como uma jovem de no máximo 24 anos;
cabelos negros e curtos, olhos azuis e pele alva. Um lindo crucifixo
prateado estava em seu pescoço.
- Eu
sei quem é você. - disse a moça do capuz – Você é Ashlotte,
filha do Conde Ainslead. Fugiu de casa com um vampiro que conheceu
em um baile
A
vampira arregalou os olhos e rangeu os dentes. Estava com raiva
daquela à sua frente, queria muito rasgá-la e fazer seu sangue
jorrar.
- Vocês
não são bem vindos aqui vampiros – continuou a moça do capuz-
por favor, retirem-se.
- Você
acha que sua voz gentil e suas preces podem nos afastar pra sempre?
Perguntou o líder. Já matei muitos como você.
- Não...
Minhas preces não podem impedi-los... Infelizmente – disse ela
tristemente.
Um
chicote, como uma corda, laçou o pescoço de Ashlotte. Ela sentia
apertar e queimar.
- Mas
posso desviar a atenção de vocês. – sorriu.
- Acabou
a palhaçada, vampirada dos diabos. Minha voz não é suave e eu não
peço por favor.
Na outra
extremidade do chicote estava um rapaz jovem, vestido em couro
escuro. Seus cabelos eram ondulados e compridos; trazia no rosto um
sorriso maldoso.
Ash
gritava. Aquela coisa enrolada no seu pescoço queimava como se fosse
feita de fogo.
- Quem
é você? – gritou ela – me solta agora!- Sou o cara que seu pai contratou pra trazer de volta, sã e salva para casa. Me pagou 200 moedas de ouro na hora e mais 800 se te levasse pra casa. Mas sabe? Duzentas moedas já me deixam contente.
Com
força, o rapaz puxou o chicote para si, trazendo junto, a cabeça
decepada da goth-lolita. O lindo corpo dela cai no chão e logo vira
cinzas.
Os
outros dois urram de ódio, ao ver Ash ser decaptada dessa forma.
- Vou
abri-los no meio e vou me banhar com o sangue dos dois! – rosnou o
outro sanguessuga.
Ele
saltou sobre o caçador, atacando-o com unhas e dentes.
O jovem
caçador, assumiu uma posição defensiva, bloqueando o ataque do
vampiro, ao mesmo tempo que cravava fundo uma estaca de madeira sem
eu coração, aproveitando do impulso e da força do ataque do seu
agressor. O rapaz de lindos cabelos negros como a noite, sentiu seu
coração morto ser cruelmente perfurado pela estaca. A dor tomava
sua mente, enquanto seu corpo se desfazia em pó.
O líder
estava igualmente irritado e sabia que se os dois atacassem juntos,
poderiam rasgar o maldito em segundos. Estava prestes a atacar,
quando sentiu uma pontada nas costas, como uma estaca.
A
sacerdotisa havia-lhe cravado uma estaca de metal em forma de
crucifixo no em seu ombro. Na verdade era uma cruz de prata, com uma
adaga retrátil escondida no cabo.
- Não
ignore a mim, e não ignore o poder de Deus, vampiro. Fugata
daemones et spiritus nequam.
A estaca
funcionou como um catalisador; absorvendo a oração da moça e
infectando o interior do corpo do grande líder com energias divinas.
Ela
permanece parada, de olhos fechados com as mãos juntas, impedindo o
demônio sugador de sangue de se mexer. Em sua paz e calma, ela ouviu
estalos de chicote, seguidos por um grito agudo e doloroso. Sorriu de
canto.
- Seus
amigos estão mortos – disse o caçador, enrolando o chicote na
mão. _ chegou sua vez.
- Espere
Gabriel.
Ela faz
um sinal com a mão para que ele pare.
- Hun?
Esperar o que?
- Não
tinha algo para perguntar para ele?
- Oh...
é mesmo.
Aproximou-se do vampiro paralisado e o olhou nos olhos.
- Me
diga onde estão seus amigos.
- Não
vou dizer nada, ta perdendo seu tempo.
Gabriel
riu. Ele adorava quando eles não eram colaborativos.
Retirou
do bolso do casaco um vidro pequeno com água dentro. Abriu a rolha e
despejou um pouco do conteúdo sobre o olho do sanguessuga. A água
corrou seu oolhoo e rosto como se fosse ácido puro.
-
Desgraçado isso queima! Dói muito!
- Água
benta. Cortesia da minha amiga Sônia, aqui. Agora diga-me, onde
estão seus amigos?
Entre
gemidos e gritos, o vampiro apenas xingou e ameaçou o caçador.
- Olha
cara minha amiga sempre pode abençoar mais água. Não tinha um lago
aqui perto da aldeia?
-
Espera! Ta legal eu falo. Porra não sabe como dói essa merda! -
gritou, chorando de dor.
- Eu
entendo de dor, agora fala eu prometo que te deixo ir.
- No
subsolo de um velho moinho de vento, no alto da colina de Olney. Mas
prepare-se para ser esfolado vivo se for lá!
- Eu to
pronto pra ser esfolado vivo todos os dias.
Gabriel
faz um sinal com a cabeça para a sacerdotisa e ela consente.
- In
Dei nomine, mundare te.
Com o
fim da oração, houve um brilho forte do crucifixo, e uma nova pilha
de cinzas caía ao chão.
Os
aldeões apenas olhavam, sem saber o que dizer. A menos de 5 minutos
atrás, estavam certos que suas vidas estavam acabadas e agora...
estavam salvos. O caçador Gabriel tomou nos braços a garotinha
encardida e a levou até sua mãe.
-
Ninguém mais vai morder essa bochechinha fofa.
O velho
ancião aproxima-se com um sorriso.
-
Jovens, em nome de todos, eu lhes agradeço. Sinto muito não ter
como retribuir.
- Arruma
um lugar pra passarmos a noite aqui e ta tudo bem, velhote. Esse é
só nosso trabalho.
Sônia
pronuncia-se:
- Eu
gostaria de orar por todas as vidas que se foram hoje. Isso inclui os
vampiros, quero muito que Deus os perdoe.
- Será
um prazer recebê-los em nosso lar.
Sônia
retirou-se para uma noite em claro de oração. Alguns aldeões
juntam-se a ela, para orar por seus entes queridos.
Gabriel
concentrou-se em seu mapa; traçando uma rota de viagem para a colina
Olney.
- Esfolado
vivo hun? Isso vai ser interessante...
continua
by kennen
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