segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Hunted hunter - capítulo 1: Bloodlines



“Dizem que os heróis não nascem, eles são criados. Homens e mulheres normais que são tirados de suas vidas comuns e forçados a se opor contra inimigos impossíveis de serem derrotados, para se tornarem lendas. Mas como são eles criados? Um herói surge quando o vilão comete o maior erro de sua vida: pensar que ele é invencível. Quando o vilão chega a esse pensamento sobre si mesmo, ele dá inicio à uma reação em cadeia que o guiará para seu fim inevitável.”

          O ancião coçou a barba em silencio; Há quase dois dias, seres das trevas cercavam sua pequena aldeia e tudo que ele podia dizer aos moradores era para terem fé.
              Mas a fé lhes foi tirada, ou melhor, sugada.
          A aldeia sempre fora alvo de sanguessugas, mas nas ultimas horas, a situação piorou: eles que apareciam uma vez por mês para se divertirem com os jovens, agora passaram a atacar a todos, todos os dias. Abusos, torturas e claro, assassinato. Eles se alimentam não apenas de seu sangue, mas de suas almas, quanto mais torturada a alma, mais saborosa. Ninguém pode pará-los e eles sabem disso.
        Rostos angelicais em vestes escuras e elegantes; demônios em pele de adolescentes, correm e gritam em êxtase, saboreando seu doce triunfo, seu poder sobre os mais fracos. Eles sabem que são superiores, e nenhum mortal pode toca-los.
            A lua está cheia.
          Três chupadores de sangue estavam presentes: dois rapazes e uma moça. O lider era um rapaz alto com cabelos loiros e arrepiados. O outro era mais baixo, com cabelos negros, longos e lisos. A garota vestia-se como uma goth-lolita, com cabelos loiros e cacheados, baton e esmalte preto.
       Aos seus pés, algumas crianças, amarradas umas as outras. Seus corpos estavam sujos de sangue. Os demais aldeões apenas assistiam; os que tentaram revidar foram rapidamente mortos pela enorme força dos jovens demônios; o pai de uma das crianças, num ataque de raiva, atacou-os com um machado... O pobre homem agora é uma poça de sangue, com o próprio machado enterrado na cabeça.
- Sangue jovem, a melhor safra! – diz o lider, aproximando-se das crianças amarradas.
           Ele se aproxima mais de uma criança: uma menina de mais ou menos 4 anos, toda sujinha.
- Vou morder sua bochechinha, vou morder seu narizinho...
         Enquanto falava, ele tocava com a ponta do dedo a bochecha e o nariz da garotinha, respectivamente.
- Você é comportadinha não é? - continuou ele – Tá vendo seu papai ali? Ele não foi comportadinho... ele disse coisas feias e por isso eu matei ele. Mas você não. Você é um anjinho!
      Nesse momento, uma figura coberta dos pés à cabeça por um capuz, levantou-se do meio dos aldeões: tinha quase a mesma altura dos jovens demônios. Ele aproximou-se do circulo de sacrifícios, quando só então é percebido.
- Quem é esse? – perguntou a garota sanguessuga. – Sua hora já vai chegar, não precisa ter pressa!
         Ela aproximou-se do encapuzado para lhe empurrar, mas, sentiu-se vacilante ao se aproximar dele, como se algum tipo de força invisível a deixasse insegura. Ela reparou também, que aquele à sua frente, pronunciava repetidamente, palavras em uma língua estranha.
- Fugata daemones et spiritus nequam.

Soava como uma prece, calma e suave em uma macia voz feminina.
          Os colegas da criatura das trevas notaram seu temor e estranharam:
- Qual o problema Ash?
- Essa pessoa... – a vampira apenas apontava para o encapuzado a sua frente, sem conseguir concluir a frase.
          Erguendo o capuz, a figura revela-se como uma jovem de no máximo 24 anos; cabelos negros e curtos, olhos azuis e pele alva. Um lindo crucifixo prateado estava em seu pescoço.
- Eu sei quem é você. - disse a moça do capuz – Você é Ashlotte, filha do Conde Ainslead. Fugiu de casa com um vampiro que conheceu em um baile
          A vampira arregalou os olhos e rangeu os dentes. Estava com raiva daquela à sua frente, queria muito rasgá-la e fazer seu sangue jorrar.
- Vocês não são bem vindos aqui vampiros – continuou a moça do capuz- por favor, retirem-se.
- Você acha que sua voz gentil e suas preces podem nos afastar pra sempre? Perguntou o líder. Já matei muitos como você.
- Não... Minhas preces não podem impedi-los... Infelizmente – disse ela tristemente.
         Um chicote, como uma corda, laçou o pescoço de Ashlotte. Ela sentia apertar e queimar.
- Mas posso desviar a atenção de vocês. – sorriu.
- Acabou a palhaçada, vampirada dos diabos. Minha voz não é suave e eu não peço por favor.
        Na outra extremidade do chicote estava um rapaz jovem, vestido em couro escuro. Seus cabelos eram ondulados e compridos; trazia no rosto um sorriso maldoso.
        Ash gritava. Aquela coisa enrolada no seu pescoço queimava como se fosse feita de fogo.
- Quem é você? – gritou ela – me solta agora!
- Sou o cara que seu pai contratou pra trazer de volta, sã e salva para casa. Me pagou 200 moedas de ouro na hora e mais 800 se te levasse pra casa. Mas sabe? Duzentas moedas já me deixam contente.
        Com força, o rapaz puxou o chicote para si, trazendo junto, a cabeça decepada da goth-lolita. O lindo corpo dela cai no chão e logo vira cinzas.
           Os outros dois urram de ódio, ao ver Ash ser decaptada dessa forma.
- Vou abri-los no meio e vou me banhar com o sangue dos dois! – rosnou o outro sanguessuga.
Ele saltou sobre o caçador, atacando-o com unhas e dentes.
        O jovem caçador, assumiu uma posição defensiva, bloqueando o ataque do vampiro, ao mesmo tempo que cravava fundo uma estaca de madeira sem eu coração, aproveitando do impulso e da força do ataque do seu agressor. O rapaz de lindos cabelos negros como a noite, sentiu seu coração morto ser cruelmente perfurado pela estaca. A dor tomava sua mente, enquanto seu corpo se desfazia em pó.
        O líder estava igualmente irritado e sabia que se os dois atacassem juntos, poderiam rasgar o maldito em segundos. Estava prestes a atacar, quando sentiu uma pontada nas costas, como uma estaca.
         A sacerdotisa havia-lhe cravado uma estaca de metal em forma de crucifixo no em seu ombro. Na verdade era uma cruz de prata, com uma adaga retrátil escondida no cabo.
- Não ignore a mim, e não ignore o poder de Deus, vampiro. Fugata daemones et spiritus nequam.
       A estaca funcionou como um catalisador; absorvendo a oração da moça e infectando o interior do corpo do grande líder com energias divinas.
         Ela permanece parada, de olhos fechados com as mãos juntas, impedindo o demônio sugador de sangue de se mexer. Em sua paz e calma, ela ouviu estalos de chicote, seguidos por um grito agudo e doloroso. Sorriu de canto.
- Seus amigos estão mortos – disse o caçador, enrolando o chicote na mão. _ chegou sua vez.
- Espere Gabriel.
Ela faz um sinal com a mão para que ele pare.
- Hun? Esperar o que?
- Não tinha algo para perguntar para ele?
- Oh... é mesmo.
          Aproximou-se do vampiro paralisado e o olhou nos olhos.
- Me diga onde estão seus amigos.
- Não vou dizer nada, ta perdendo seu tempo.
          Gabriel riu. Ele adorava quando eles não eram colaborativos.
          Retirou do bolso do casaco um vidro pequeno com água dentro. Abriu a rolha e despejou um pouco do conteúdo sobre o olho do sanguessuga. A água corrou seu oolhoo e rosto como se fosse ácido puro.
- Desgraçado isso queima! Dói muito!
- Água benta. Cortesia da minha amiga Sônia, aqui. Agora diga-me, onde estão seus amigos?
          Entre gemidos e gritos, o vampiro apenas xingou e ameaçou o caçador.
- Olha cara minha amiga sempre pode abençoar mais água. Não tinha um lago aqui perto da aldeia?
- Espera! Ta legal eu falo. Porra não sabe como dói essa merda! - gritou, chorando de dor.
- Eu entendo de dor, agora fala eu prometo que te deixo ir.
- No subsolo de um velho moinho de vento, no alto da colina de Olney. Mas prepare-se para ser esfolado vivo se for lá!
- Eu to pronto pra ser esfolado vivo todos os dias.
Gabriel faz um sinal com a cabeça para a sacerdotisa e ela consente.
- In Dei nomine, mundare te.
Com o fim da oração, houve um brilho forte do crucifixo, e uma nova pilha de cinzas caía ao chão.
       Os aldeões apenas olhavam, sem saber o que dizer. A menos de 5 minutos atrás, estavam certos que suas vidas estavam acabadas e agora... estavam salvos. O caçador Gabriel tomou nos braços a garotinha encardida e a levou até sua mãe.
- Ninguém mais vai morder essa bochechinha fofa.
        O velho ancião aproxima-se com um sorriso.
- Jovens, em nome de todos, eu lhes agradeço. Sinto muito não ter como retribuir.
- Arruma um lugar pra passarmos a noite aqui e ta tudo bem, velhote. Esse é só nosso trabalho.
        Sônia pronuncia-se:
- Eu gostaria de orar por todas as vidas que se foram hoje. Isso inclui os vampiros, quero muito que Deus os perdoe.
- Será um prazer recebê-los em nosso lar.

       Sônia retirou-se para uma noite em claro de oração. Alguns aldeões juntam-se a ela, para orar por seus entes queridos.
Gabriel concentrou-se em seu mapa; traçando uma rota de viagem para a colina Olney. 

- Esfolado vivo hun? Isso vai ser interessante...

continua 

by kennen

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