Melinda Brugguer
A mulher
sentada na bancada esbarrou em elemayer quase o fazendo cair. O homem riu e
voltou a beijá-la. Prendia seus cabelos ruivos entre seus longos e fortes
dedos, enquanto a outra mão deslizava pela coxa delgada. A respiração começava
a ficar ofegante dando inicio ao caminho lascivo que a que aqueles beijos
tomavam.
As mãos dele foram ate a gola da camisa social que a
ruiva vestia e começou a desabotoá-la. Os lábios vorazes deslizaram pela linha
do pescoço até a superfície dos seios...
O telefone no bolso dela começou a tocar. Ela
resmungou baixinho.
– Alô, detetive Melinda Brugguer – disse ao atender
o telefone. – Para... – resmungou baixinho empurrando o homem que beijava o seu
pescoço. – Estarei logo ai...Sim, estou no necrotério, Nicolas está aqui. –
desligou – Precisamos ir.
– O que aconteceu?
– A PM encontrou um corpo num galpão da área
industrial. – ela saiu da bancada e pegou a jaqueta sobre uma cadeira e fechou
os botões da blusa.
Ele pegou uma maleta e a seguiu.
Desceram do carro em uma rua deserta. A PM havia
isolado o local, não que houvesse curiosos por perto, mas como de praxe. Os
policiais se aglomeravam ao redor de algo quando eles se aproximaram.
– Nicolas Zanetti, sou o legista. – disse o homem ao
passar na frente da detetive e mostrar sua identificação do IML para um
policial.
Caminharam para mais perto do corpo. Nicolas se
abaixou e retirou o pano que cobria o rosto do cadáver. Melinda levou a mão à
boca, achou que nada mais poderia chocá-la. A pele do rosto havia sido retirada
com uma precisão quase cirúrgica.
Melinda foi até o delegado.
– Encontraram o rosto da mulher?
–Não, apenas o corpo sem a pele do rosto. –
conversavam enquanto iam à direção dos peritos que usavam o luminol em busca de
vestígios de sangue.
– Sara? – Melinda chamou um dos peritos.
– Há marcas de sangue próximas a porta o que indica
que o corpo foi arrastado ate aqui. Não encontramos nenhuma possível arma do
crime, o que confirma a hipótese de que foi morta em outro local e depois desovada
aqui.
Nicolas embalou o corpo e mandou para o necrotério.
Melinda permaneceu acompanhando de perto o trabalho da pericia.
Aparentemente jovem a vitima fora deixada nua, sem
identificações e sem nenhuma pista que pudesse levar a sua identidade ou ao
possível assassino.
– Como encontraram o corpo? – a detetive perguntou
aos policiais.
– O vigia local o encontrou em uma das rondas.
– Onde ele está?
O policial apontou para um homem sentado próximo a
outros PMS. Os olhos ainda assustados do vigia encararam a bela mulher ruiva
que vinha em sua direção.
– Olá! – Melinda sorriu tentando se aproximar de
maneira amistosa, quase sempre funcionava bem. – Foi você quem encontrou o
corpo?
O homem balançou a cabeça positivamente olhando-a da
cabeça aos pés.
– Eu estava fazendo a ronda como de costume quando
ouvi um barulho e vim ver o que era... e acabei encontrando a mulher. – ele
levou a mão à boca e fez sinal da cruz. – Deus do céu, nunca vi coisa mais
terrível!
– Conseguiu ver quem deixou o corpo?
– Não, quando cheguei não tinha ninguém não.
– Há outra testemunha? – perguntou ao se voltar para
os PMS
– Não encontramos ninguém no raio de um quilometro.
Aquele era o típico caso que tirava o sono de
Melinda. No carro, de volta ao necrotério, ela tentava associar as peças
soltas. Um cadáver sem rosto? Quem diabos havia arrancado o rosto daquela mulher?
Nicolas estava sentado ao lado do corpo com uma
prancheta no colo. Ele parecia extremamente concentrado e não a viu entrar.
– O que está fazendo? – Melinda perguntou ao
colocar-se ao lado dele.
– Tentando esboçar um possível rosto para a vítima.
Assim, podemos comparar com algum do banco de desaparecidos.
– Você é um gênio, Nic! – ela sorriu dando um
selinho nele.
– Bem e por falar em mim e quanto ao meu pedido?
– Já conversamos sobre isso – ela fechou a cara,
enquanto andava de um lado para o outro. – Não quero um namorado, muito menos
um noivo.
Nicolas bufou. Aquela mulher o tirava do sério.
Custava aceitar o pedido de namoro e terminar com aquela historinha de amizade
colorida? Aquele feminismo exagerado o irritava profundamente.
– Terminei. – disse ele ao erguer o desenho.
– Vou conferir com o banco de dados dos
desaparecidos. – disse ao pegar o desenho e ligar o notebook.
Nicolas colocou as luvas e passou a examinar o
corpo.
– Parece que encontrei nossa vitima. – disse Melinda
minutos depois. – Simone Luz, estudante de enfermagem da Universidade Federal.
A colega de quarto deu queixa de seu
desaparecimento hoje pela manhã.
– Já sei como ela foi morta! – exclamou Nicolas,
Melinda foi em sua direção. – Foi um golpe de bisturi logo abaixo dos seios o
que causou uma hemorragia interna. Encontrei também sinais de violência sexual.
A ruiva foi até a universidade ver o que descobria
por lá. Quando chegou a biblioteca a jovem que procurava estava debruçada sobre
um groso livro de anatomia. A garota estava tão concentrada que não percebeu a
aproximação.
– Olá meu nome è Melinda, sou detetive da policia e
estou aqui pelo desaparecimento da sua amiga.
– Encontraram a Simone? – a garota virou-se
eufórica.
–Sim, infelizmente ela está morta. – disse Melinda
ao puxar uma cadeira e sentar-se ao lado da garota.
– Não é possível! – os olhos dela se encheram de
lágrimas. – Eu disse para ela não se envolver com ele...
– Ele quem?
– o Ricardo. Um cara que ela estava saindo. Eu sabia
que era barra pesada.
– Ele é aluno da universidade?
–Sim faz educação física.
Melinda se despediu da jovem, já tinha a informação
que precisava. Não disse mais nada quanto ao estado em que o corpo fora
encontrado, só a noticia da morte era o bastante.
Ricardo estava sentado na grama com outros amigos,
quando viu a aproximação da detetive assustou-se e começou a correr. Melinda
disparou atrás dele. Os estudantes do campus olharam a cena, estarrecidos. Ele
acabou escorregando na grama, isso foi o suficiente para ser apanhado.
– O que fez com ela?
–Ela quem? Não fiz nada não, senhora. – ele afirmou,
ao ter os braços imobilizados.
– Então por que correu de mim?
O rapaz engoliu seco.
–É que tenho alguns problemas com a polícia. –
sussurrou. – Mas não foi eu, seja lá o que tenha acontecido não foi eu. Eu to
limpo.
– Então o que tem a me dizer sobre Simone? –
perguntou a detetive, ainda o imobilizando. Não estava nem um pouco convencida
da inocência do rapaz.
– É a minha namorada, o que tem ela?
– Está morta.
Os olhos dele se arregalaram com o susto. Pareceu
bastante chocado com a notícia.
– Se correr de novo, coloco a polícia toda atrás de
você. – ameaçou a detetive quando seu celular começou a tocar. – Alô.
– Sou eu, Sara, encontramos marcas de pneu que provavelmente
pertençam ao assassino. Estou mandando as imagens para o seu celular.
Provavelmente uma picape.
– Quero ver o seu carro.
Pela primeira vez Ricardo não tinha nada a temer.
Pelo menos assim pensava ele. Guiou a detetive até o estacionamento. Ainda mal
podia acreditar naquilo, Simone não poderia estar morta. Sentiu-se culpado,
provavelmente quem quer que tenha a matado o fez para atingi-lo. Já havia
passado da hora de sair daquela vida.
Melinda avaliou o carro, um Voyage antigo, bem longe
das descrições. Olhou o ambiente ao
redor, tinha voltado à estaca zero... Até que algo chamou a sua atenção. Era
uma picape e as rodas largas batiam com as marcas da foto.
– Quem é o dono daquele carro? – perguntou a
Ricardo.
– Um dos professores de medicina. – respondeu o
garoto ainda estupefato.
Melinda pediu um mandato de busca e apreensão e um
ajuda para abrir o carro. Quando a pericia chegou encontraram resíduos de terra
com materiais semelhantes aos encontrados no local do crime, e uma mancha de
sangue no banco foi detectada com luminol. Questionado sobre a presença do
sangue o medico e professor disse que era de alguns órgãos usados em suas
praticas com os alunos, mas testes confirmaram a presença do DNA da garota. Os
rostos de mais três garotas desaparecidas foram encontrados na casa do
criminoso, esse tinha o estranho hobby de enquadrar os rostos das alunas. O
crime chocou a universidade, ninguém imaginava que um professor tão graduado
pudesse ser o assassino. Felizmente a resolução daquele caso impediu que outras
alunas tivessem o mesmo triste fim.
– O que acha de irmos lá para casa? – perguntou
Nicolas quando Melinda estavam de volta a delegacia.
– Hoje não.
– Tem algum compromisso?
– Talvez. – Melinda riu.
Nicolas bufou. Mulheres, dê poder a elas e verá no que se transformam.
by Ashe
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