Cap.1
Cap.2
Cap3
Cap.4
Cap.5
O moinho de vento ficava cada vez maior diante de seus olhos, conforme se aproximava. Apertava o chicote com força, estava ansioso; desde que fora contratado para cuidar do caso dos vampiros adolescentes, estava no encalço desse lugar. Destruiu os três que assolavam vilarejo no leste o país e conseguiu deles a informação que precisava: a localização do esconderijo. A destruição desse lugar representaria uma grande investida contra os vampiros... Mas algo o incomodava muito. Depois de anos de busca infrutífera, Laura, a vampira que matou seu irmão, simplesmente surgiu em sua trilha. Não esquecia as palavras de Sônia, de que aquilo tudo parecia armação. Tinham sido guiados por uma série de desafios, ligados um no outro, de alguma forma. E no ultimo desafio: ele se viu de frente com a colina Olney.
"Você não acha estranho?" Perguntou Sõnia.
Sim, Gabriel achava muito estranho, mas, se Laura estava mesmo fazendo isso tudo só para manipula-lo a ir até ela, ele tinha que ir, por mais que seja uma armadilha. Sua vida não era nada, ele era apenas um instrumento de Deus para limpar a terra dos vampiros e se tivesse que morrer, então morreria sem medo. Queria uma chance de poder olhar pra ela e lhe perguntar "porque".
"Porque não me matou também?"
Essa pergunta não saia da cabeça dele, acompanhou-o a vida toda.
Caminhando pensativo, ele quase não percebeu o homem que estava à sua frente, parado, olhando-o.
Gabriel parou e encarou aquele que estava em seu caminho:
Era pouco mais alto que ele, vestia uma túnica preta. Não tinha cabelos e em sua mão, segurava um bastão branco, de caminhada. O homem sorriu e falou:
- Essa aura... você é o moleque Belmondo, não é?
- Essa presença aterradora... você é a morte, correto?
Ele riu baixo e consentiu com a cabeça.
- Fico feliz que ainda se lembre de mim, Belmondo. Acho que sabe porque eu estou aqui.
- Você quer eles. Você quer os vampiros, é isso?
- Sim! aqueles trapaceiros! fugindo da morte! Mande-os para mim Gabriel! Sou um inimigo terrível mas também posso ser um aliado poderoso!
- É bom ter a morte ao meu lado.
O senhor Morte lhe sorriu gentilmente.
- Aquilo que procura... encontrará. Agora siga seu caminho, complete seu destino. Espero demorar muitos anos para voltar a vê-lo.
O caçador fez uma reverenciou e seguiu o caminho, a colina e o moinho, estavam tão próximos que eles já podia sentir o cheiro de defunto que exalavam. Agora, não havia qualquer duvida: Laura estava logo ali, naquele moinho. Estaria ela aliada com os vampiros dessa região? Gabriel tinha muitas perguntas em sua mente, mas ele sentia que isso não seria apenas mais uma invasão à covil de vampiros, tão pouco parecia ser apenas uma armadilha... Pela primeira vez, Gabe sentiu um calafrio.
- Acho que dessa vez vai ser interessante!
Disse ele olhando para trás, tinha se esquecido que Sônia não estava com ele. Não estava acostumado a ficar sem ela. Voltou-se para frente, a porta do moinho estava a 5 passos de distancia dele. Seu coração estava acelerado. O vento soprava, fazendo o moinho girar lentamente. Respirou fundo e abriu a porta...
Mal a abriu e uma pessoa veio lá de dentro, tentando acerta-lo com um desajeitado ataque de mãos limpas. Gabe recuou com um salto para trás. A pessoa que o atacou estava exausta por algum motivo, e gemia de dor.
Era uma garota.
A pela dela era branca como leite, seus olhos tinham uma cor violeta que reluzia lindamente com a luz da lua. Vestia-se com um vestido preto estilo gótico. Era bem bonita.
- Morra! eu vou proteger esse lugar!
Ela também era uma vampira, o odor de túmulo dela era inconfundível.
- Outra vampira adolescente!? o que há de errado com esses jovens?
A menina estava cheia de cortes e sangue pelo corpo, parecia que tinha acabado de sair de uma luta terrível.
Seu primeiro impulso foi atravessar o peito dela com uma estaca, mas sentiu pena. Ela estava claramente nas ultimas, mas mesmo sem força, mostrava-se feroz com a ideia de defender seu esconderijo.
- Onde estão os outros?
- Só sobrou eu. Os outros morreram.
Ela se apoiava na porta, seus joelhos tremiam. Gabriel nunca tinha visto um vampiro tão machucado assim. Geralmente eles usam o sangue que sugam dos outros para se regenerar. Aquela menina devia estar sedenta.
- Como eles morreram?
- Cale-se mortal! não fale comigo assim!
Mais uma vez ela tentou acerta-lo com as garras, mas o caçador pegou o braço dela e torceu para trás.
- Você não aguenta nem o peso do próprio braço. - jogou-a de cara na parede. - O que aconteceu aqui?
Ao olhar para o interior da sala, ele viu muito sangue espalhado por toda parte, e muitos, MUITOS montinhos de cinzas no chão. Os mesmos que ficam quando um vampiro morre. Gabriel olhou para a menina que estava segurando e perguntou:.
- Quem fez isso?
- Eu fiz. Só sobrou eu. Sou a mais forte. - a voz dela tinha um tom de choro. - Ela disse que eu seria recompensada... ela disse que o mais forte nós, viraria um lorde ao lado dela!
Gabriel sentiu um frio na espinha.
- Quem é "ela"?
- Ela apareceu a uns dias atrás, matou nosso líder sem motivo. Ordenou que nos matasse-nos ate que só um sobrasse e esse, o mais forte, reinaria como lorde ou lady ao lado dela. O medo e a oferta de poder nos subiu a cabeça. Nos atacamos como animais...agora que só eu sobrei, eu devo matar alguém que vai tentar entrar aqui essa noite e completar meu destino, e me tornar uma lady vampira!
Aquilo era terrível, até mesmo com vampiros. Alguém manipulou os sentimentos deles e os forçou a matar os amigos.
- Quem é ela? quem foi a vampira que te fez isso?
- Laura... o nome dela é Laura.
O choque que aquele nome causou fez com que Gabriel afrouxasse as mãos, permitindo a menina se desvencilhar dele.
- Onde está ela? onde está Laura?
A menina apontou para um alçapão aberto no chão.
- Ela está lá embaixo, me esperando. Mas eu não vou retornar, nao é? Voce vai me matar, não vai?
- Sim, eu vou. Sinto muito pelo que você passou.
A menina se encosta na parede, sentindo-se completamente desolada. Isso fez com que o caçador ficasse com ainda mais pena dela.
- Eu não... quero morrer. - lágrimas de sangue escorreram dos olhos violeta dela.
- Você morreu a muito tempo atrás, menina.
- Jessica. Meu nome é Jessica.
Gabe puxou uma estaca do casaco.
- Vou fazer a Laura pagar pelo que fez a você e seus amigos.
Cravou a estaca fundo no coração dela. Jessica fez cara de dor. Olhou bem nos olhos dele:
- Obrigada...
Disse ela e se desfez em cinzas no segundo seguinte.
Ele sentia-se arrasado; crianças vampiros sempre lhe causavam isso. A maldita Laura armou isso tudo para deixa-lo abalado para o confronto definitivo.
Rangendo os dentes de raiva, ele desceu as escadas do alçapão, queria muito encontra-la e logo.
O piso de baixo era finamente decorado, parecia o interior de um castelo; o chão era coberto por tapete vermelho, e haviam velas iluminando o corredor. Logo que desceu as escadas, Gabe notou um homem à alguns passos à sua frente, segurando um candelabro.
- Olá Gabriel Belmondo, caçador de vampiros.
- Eu conheço você...Você é o Conde Ainslead não é?
- Sim, sou eu. Te contratei para salvar minha filha e você a matou. Lembra disso?
- Sua filha estava além de qualquer salvação. Onde está Laura?
Ele sorri. O conde era um homem de cabelos e barbas brancas. Vestia-se com elegância impecável e sua voz era baixa e severa. Gabriel podia sentir raiva nele, apesar dele tentar disfarçar.
- Ela está esperando-o, caçador. Siga-me.
Ele virou as costas e andou até uma porta. Abriu-a e entrou, com Gabriel logo atrás. Era uma biblioteca. Ao fundo, sentada em uma poltrona, estava uma mulher de longo vestido roxo e uma mascara branca no rosto.
- Senhorita Laura, o senhor Belmondo está aqui. - disse o conde.
Ele foi até ela, deixou o candelabro na mesa e posicionou-se ao lado da vampira.
Gabriel sentiu o coração acelerar, então, finalmente, Laura!
A mulher levantou-se e puxou uma espada longa e fina que estava ao lado de sua poltrona.
- Gabriel Belmondo, fico feliz em te ver aqui. Vejo que seguiu minhas dicas, precisamente como previ.
- Morra monstro, você não pertence a esse mundo. - disse ele, calmamente.
- Tem seus motivos para me chamar assim, Gabriel, e eu não te culpo.
- Porque me deixou viver? na noite que matou meu irmão, porque me deixou viver?
- Gabriel, preste muita atenção no que vou te dizer agora. Eu e seu irmão, éramos amantes.
Aquilo soou nele como um soco nas vísceras. Isso tinha que ser mentira!
- Não diga besteiras.
- É verdade. Nos amávamos.
O conde pareceu irritado com a conversa:
- Ei que papo é esse? você me disse que iria mata-lo! ele matou minha filha e eu entrei nessa pra trazer ele pra cá para te ver matando ele!
- Cale-se, Ainslead. Este é meu momento com Gabriel.
- Não! - gritou o velho. - Eu fiz tudo como você mandou. Você e aquela outra menina vem me dizendo o que fazer a meses, desde que esse desgraçado matou minha filha! E eu obedeci, porque prometeu que o mataria!
- Eu disse pra calar a boca!
Com um rápido movimento de espada, Laura decepou a cabeça do velhote. Seu corpo foi ao chão como uma boneca de pano.
- Desculpe esse inconveniente. Gabriel, eu amava seu irmão. Eu o matei por fui tola, manipulada.
- Como assim.
- Seu irmão estava desenvolvendo um tipo de soro, que neutralizava a fome por sangue dos vampiros. Se esse soro se espalha-se poderia trazer problemas a muitos lordes e ladies vampiros que existem. Seu irmão tinha boas intenções, mas estava mexendo com quem não devia.
Gabe estava atordoado com aquilo tudo, era muita coisa pra ele engolir. Ela continuou:
- Fizeram minha cabeça para mata-lo. Ama-lo era um erro e ajuda-lo a prosseguir com esse plano, seria insanidade. Eu era uma vampira! deveria viver como uma" Reinar sobre os mortais e não ao lado deles! Como fui tola... caí no jogo deles, fui enganada... matei quem eu amava verdadeiramente... e para que?
O caçador tremia, ele não sabia como reagir. Não podia acreditar que a Laura que caçou a vida toda, tivesse de fato amado seu irmão. Ele esperou por um demônio, e o que encontrou foi isso?
- Por isso eu não te matei. No momento que tive seu irmão morto em minhas mãos, eu sabia que o que fiz era errado. Vampiros são maus, e manipulam tudo e todos sem se importar com nada. Eu não sou diferente. Todos os vampiros precisam ser destruídos. Por esse motivo eu não te matei. Todos esses anos eu te observo. Te ajudando a treinar, te guiando secretamente para covis de vampiros poderosos. Eu mesma matei alguns deles, como você mesmo notou na entrada desse covil.
- Por que isso? porque tudo isso? não me matou, me guiou entre vários desafios, manipulou o Conde Ainslead... e pra que? estou aqui agora, Laura! vamos lutar e ver quem é o maior caçador de vampiros, é isso?
- Não. - ela tirou a mascara e a deixou cair, revelando seu rosto. - Você vai me matar agora.
O rosto de Laura era terrivel; sua boca e queixo eram negros e retorcidos como se tivessem sido queimandos. Os dentes dela eram negros e quebrados.
- Gabriel, eu trai e matei quem eu amava. Eu não quer e nem mereço continuar existindo. Eu esperei todos esses anos ara que você pudesse ficar forte e me matar. - Ela deixa a espada cair. - Agora mate-me por favor. A maldita manipuladora e assassina, que você sempre odiou.
- Você quer que eu a mate? - ele não acreditava no que ouvia.
- Eu cuidei do seu futuro para que você pudesse se tornar forte e acabar com essa maldita raça de vampiros. Você é forte agora. Faça seu trabalho, caçador.
Ele pegou uma estaca e se aproximou dela, olhando-a nos olhos.
- O que aconteceu com seu rosto?
Ela sorriu. Seu sorriso era medonho, porém sincero.
- Eu bebi o soro do seu irmão. A única amostra que ele tinha produzido. Não estava boa ainda, presumo. Foi minha penitencia... Queimou meus dentes e minha boca e eu não consigo mais morder ninguém.
Laura ajoelhou-se e abriu os braços, esperando o golpe final.
Com muito receio, ele mirou seu peito e lhe golpeou com toda sua força, atravessando as costelas dela, perfurando seu coração.
Laura cai de costas no chão, gemendo alto.
- Jonathan! eu estou indo! eu finalmente estou...
Com um longo suspiro, Laura se desmancha em cinzas.
Morta, finalmente. Mas ao contrario do que esperava, Gabriel se sentia vazio. Era isso que ele tinha buscado a vida toda? O dia já estava amanhecendo. O conde Ainslead estava morto ao lado de Laura, ele fazia parte disso tudo, junto com outra pessoa...sim, o conde mencionou mais uma pessoa, pouco antes da Laura lhe cortar a cabeça. Tomado por um mau pressentimento, o caçador decide correr para o vilarejo de Ravenest.
continua...
by Kennen
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