terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Missao anjo da guarda: capitulo 4: Olhos negros



Eu acordei com um raio de sol que entrava por uma fresta da parede e batia diretamente nos meus olhos. Espreguicei e coloquei-me de pé. Precisava encontrar seja lá quem fosse o meu protegido e já havia perdido tempo demais.

Assim que abri a porta o morador do apartamento em frente saiu no mesmo instante. Nossos olhares se cruzaram por um breve instante e encarei aqueles obscuros olhos castanhos.

Era ele, não sabia explicar por que nem mesmo como. Mas eu tinha certeza, era ele!

– O que está olhando, garota? – Ele rosnou para mim.

–Quem é você?– indaguei.

– Eu que te pergunto, quem é você?– Ele me encarou.

– Isabela. Agora quem é você?

– Pedro. – Ele respondeu em um tom seco ao notar que eu ainda o observava. Ele era alto, tinha o cabelo curto e intensamente preto, tinha a pele bronzeada e deveria ter 18 ou 19 anos.


– Olha, eu tenho que ir – Disse me dando às costas.

– Ei, espera!– Gritei por impulso segurando o seu braço. Não acreditava que tinha feito aquilo, tocar um humano me dava nojo.

Ouvi um chiar e comecei a sentir um cheiro de carne queimada.

Ele puxou o braço de volta as pressas.

– Tire suas mãos de mim!– Ele rosnou como um bicho feroz. Seus olhos haviam mudado, estavam totalmente negros e assustadores.

Eu me afastei por impulso. Não era possível, um humano não reagiria assim ao toque de um anjo. Só se... Não, não podia ser...

Ele colocou o skate de baixo do braço e saiu andando. Comecei a andar atrás dele.

– Escuta aqui, não sei quem você é ou o que quer, mas fica longe de mim. – Ele disse ao se voltar para mim, seus olhos já haviam voltado ao normal.

–Aonde você vai?

–Para a escola.

– Vou com você.

Ele socou a parede ao meu lado, fazendo com que essa se deformasse. A força dele era muito superior a de um humano normal.

Só agora eu havia notado ele não tinha aura. Mas aquilo não era possível!

– É surda, garota?! Eu falei para ficar longe de mim.

– E eu disse que vou com você.

– Você por acaso trabalha pros tiras? Se trabalha eu estou limpo, okay? Estou longe das drogas à um ano, tá legal. Minha condicional acabou a um mês.

Nossa, que maravilha eu tinha que proteger o senhor encrenca. Por que não simplesmente o deixavam morrer e poupavam o trabalho? Os humanos eram tão inferiores ainda mais um como aquele.

– Não sou tira. – Respondi.

– Então o que quer comigo?

– Ir para a escola tbm.– Disse de imediato.

Ele me encarou nem um pouco convencido.

– Garota estranha. – Sussurrou. – Tá bem, mas fica longe de mim.

Ele saiu andando. O segui.

Ainda não podia acreditar que estava ali, deveria estar no céu, com os outros anjos da morte e não naquele lugar fétido protegendo um humano metido a encrenqueiro.

Caminhamos alguns minutos até um lugar com muros altos e completamente pichados e onde adolescentes se aglomeravam perto do portão.

– Oi, Pedro– sussurram algumas garotas para ele. Idiotas!

– Olha só quem resolveu aparecer. – Ouvi alguém dizer atrás de nós.

Virei-me e vi um cara mal encarado cercado por um bando. Ele parecia ter mais que vinte anos e exibia uma cicatriz que atravessava o lado direito da sua face.

– Imagino que já tenha o meu dinheiro.

– Ainda não, mas... – Pedro gaguejou.

– Como assim não tem o meu dinheiro?! Tá me achando com cara de palhaço é?

–Não, claro que não. Vou dar um jeito de conseguir seu dinheiro cara, mas só preciso de mais tempo.

– Não sou relógio para te dar tempo, sacou?– O garoto estava enfurecido. –Deem uma lição nele!– Ordenou aos seus capangas.

Os caras avançaram na direção de Pedro. E um deles desferiu um soco contra o rosto do meu protegido fazendo com que esse caísse ao chão. Pedro se levantou massageando o rosto. Seus olhos estavam completamente negros novamente.


– Eu disse que ia conseguir o dinheiro! – Ele rosnou como um cão, feroz.

Entrei entre ele e os homens que avançavam.

– Fiquem longe dele! – Ordenei.

O líder do bando começou a rir.

– Olha isso, Pedro precisa de uma garota para defender ele.

Esse comentário deixou Pedro ainda mais furioso. Ele me encarou com os olhos ainda negros.

– Eu disse para ficar longe de mim– sua voz tinha um tom áspero assustador.

– Estou tentando ajudar você!

– Eu não preciso da sua ajuda!

Graças à coragem da sua namoradinha você tem até amanhã para me trazer o dinheiro ou vai levar mais do que um soco. – O homem ainda estava rindo de deboche.

Pedro me olhou pela última vez e saiu andando. Eu o segui. Não acreditava o que estava fazendo.



Continua...

by Ashe

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