Já
passavam das dez da noite. A floresta estava quase toda mergulhada em
trevas, a não ser pela luz da lua e por um lampião, que iluminava o
caminho. Uma moça, de talvez 15 ou 16 anos caminhava cuidadosamente
pela floresta, tomando muto cuidado com seus passos. Ela sabia que
não era seguro; todos a avisaram para não sair. Um vampiro estava
sequestrando todas as moças da região, mas ainda assim, ela
insistia em procurar pela irmã desaparecia na floresta. Logicamente,
tal tolice chegou aos ouvidos do vampiro da região.
Alguem
a espreitava; por entre arvores e arbustos, ela ouvia os sons do
movimento de alguém ou alguma coisa. Parou e mirou a luz do seu
lampião na direção do barulho, mas nada viu.
A
moça estava vestida elegantemente; um vestido volumoso, branco e um
chapéu de passeio, também branco. Aquela forma branca andava pela
mata a noite, com um lampião... Deveria ser muito idiota ou muito
corajosa.
Ele
estava de olho nela. Uma mulher trajando tais roupas, só poderia ser
a senhorita O´hara. A segunda filha dos O´hara, a que ele ainda não
havia pego. Scarlet. Aproximou-se por trás dela, silenciosamente.
- Senhorita O´hara, mas que felicidade te encontrar aqui a esta hora!
A
garota levou um susto; deu um pulo, deixando corpo todo ereto. O
lampião tremia em suas mãos. Ela sentia o homem chegar mais perto.
- Sei que procura por sua irmãzinha. Sei onde ela está, e posso te levar até ela...
Quando
ele estava bem perto, a garota virou-se bruscamente em sua direção
lhe acertando um soco no rosto. O homem cai, gemendo; era uma menina
mas batia feito um martelo!
- O que...? quem é...
Ao
remover o chapéu da cabeça, a suposta senhorita Scarlet, mostrou-se
na verdade ser um homem. Um rapaz de cabelos longos, cicatriz no olho
e um sorriso maligno.
- Você não é a Scarlet O´hara!
- Descobriu isso sozinho? A senhorita O´hara me contratou para encontrar a irmãzinha dela. Me diga onde ela está.
- Não! Eu nunca vou trair o mestre!
Aquele
à sua frente não era m vampiro, mas um lacaio, um humano que vendeu
a alma para os vampiros.
Gabriel
ergueu o homem pelo colarinho e o jogou contra uma arvore.
- Vou te dar uma chance apenas, meu amigo. Diga onde seu mestre se esconde, e eu te deixo ir. Meu propósito é matar vampiros,e não humanos... por piores que sejam.
- Você não entende! Ele me controla! Se eu o trair ele me mata!
- Resposta errada.
Um
soco violento no rosto e o lacaio caiu desmaiado.
- Oh, Gabriel... - disse Sônia, saindo de trás de uma arvore.
- Você viu, eu tentei perguntar numa boa, ele não quis responder. Eu vou ter que arrancar a resposta dele....
***
Acordou.
Lembrava de estar seguindo a senhorita O´hara a pedido do seu mestre
e então... A cabeça doía muito. Ainda estava escuro. Ao lado dele
havia uma fogueira.
- Acorda. Vamos, acorda!
Sentiu
um chute nas costas e foi só então, que o lacaio percebeu que
estava pendurado em uma arvore, de cabeça para baixo.
- Onde eu... ei! Me solta!
Seus
pés estava amarrados a um galho de arvore. Ouviu a voz do caçador à
suas costas. Tentou se balançar para se soltar, mas não adiantou
muito.
- Escute verme. Eu preciso saber onde está seu mestre e as meninas que você sequestrou, e você vai me dizer. - Gabriel tirou do fogo um pedaço de ferro com a ponta incandescente. - tá vendo isso?
- O que vai fazer com isso??
- Vou queimar a carne branca e fragil das suas costas, até você resolver cooperar.
- Nã não! Por favor não!
- Não se preocupe, não vai arder. - Disse enquanto sentava-se atrás do homem, com o ferro na mão. - Sabe, é muito, muito quente, queima rapido demais. Vai destruir suas células e tudo que você vai sentir, é frio. Depois vem o cheiro de carne queimada e ai sim, vai doer... A ciência é engraçada, não acha?
Ele
gritava e implorava para ele parar, mas o caçador não queria. O
ferro queimava e derretia a carne das costas do homem, e ele pulava,
tentando se soltar. O cheiro de carne queimada cobria todo o local.
Era tanta dor que ele sentia que iria desmaiar ou mesmo morrer.
- Eu sei que dói. Só você pode fazer essa dor passar. Onde se esconde o seu mestre?
- Puta que pariu! Eu digo! Eu digo, mas para com isso por favor! Pára!
Gabriel
desceu a corda. As costas do homem estavam quase totalmente
queimadas; ele sentia muita dor.
- A minha amiga Sônia preparou umas ervas para seus queimaduras, vão te fazer melhorar rápido. Mas claro, somente se nos ajudar.
- Eu ajudo! Não é muito longe daqui, eu te levo lá! É uma passagem secreta em um alçapão, destro de um toco de arvore.
Sem
que o caçador pedisse, a sacerdotisa aplicou as ervas nas costas do
pobre homem.
- Você tem sorte dela estar por aqui. Sônia é pura bondade. Ela é meu lado bom, eu diria.
- Isso faz de você o meu lado ruim, Gabriel? - perguntou ela.
Depois
de passar as ervas, ela enfaixou as feridas, cuidadosamente.
- Isso vai ajudar a conter a dor. Agora, por favor, mostre-nos o local que seu mestre reside, pois eu não posso garantir que vou curar os próximos ferimentos que Gabriel pretende lhe infligir.
Foi
a ameaça mais doce e gentil que ele ouviu na vida. Engoliu seco ao
pensar no que mais aquele louco poderia lhe fazer, mas,
principalmente, teve medo da sacerdotisa, era como se o sorriso
pacifico dela e sua voz macia escondesse uma mente insana e vingativa.
- Tá, olha, não é muito longe daqui, eu levo vocês lá, mas não vou entrar!
- Está bem, eu não espero que entre.
O
vestido de Scarlet estava no chão. Sônia o pegou.
- Esqueceu seu vestido, senhorita O´hara. - riu.
- Muito engraçadinha. Larga isso aí, temos trabalho a fazer.
Como
prometido, o homem os levou até um toco de arvore com um alçapão
escondido. Ele disse que seu mestre Vladimir estava escondido ali.
- Agora suma daqui. Arruma uma vida normal.
- Eu aviso caçador. Não vai gostar do que vai encontrar ai embaixo!
- Quanto menos eu gostar, pior pro mestre Vlad. Suma.
Ele
se pôs a correr.
- Pronta? - pergunto à Sônia.
A
moça vestiu o capuz e pegou sua cruz de prata da bolsa. Fez um sinal
positivo com a cabeça.
Desceram as escadas. Um corredor de
pedra, revelava que o lugar era maior do que esperavam. Ao longe,
viam pequenas luzes como velas, mas a escuridão era quase total.
Sônia juntou a cruz no peito e tocou o ombro do seu parceiro:
- Dei benedictionem a me Tenebrae
Os olhos da mulher tornaram-se
totalmente brancos, e a escuridão tornou-se tão clara quanto a luz
do dia, para ela. Enquanto tocasse Gabriel, ele também poderia ver
no escuro.
- A morte está por toda parte, posso sentir. - falou ela.
Mesmo apreensiva, Sônia foi à
frente, com sua cruz na mão direita. Mais adiante no corredor, eles
notaram uma parede à esquerda que era diferentes das outras, era
feita de grossas barras de metal. Uma cela de prisão. Aproximaram-se
com cautela para não serem agarrados por o que quer que esteja ali
dentro.
Dentro da cela, eles viram uma pessoa
pequena. Uma garotinha; devia ter no máximo 12 anos. Estava sentada
no chão com o corpo ereto. O cheiro de morte emanava dela. Seus
cabelos eram loiros e estavam bagunçados. Ela estava de olhos
abertos.
- Servos do mestre? - disse ela mirando os olhos dois que atravessavam à sua frente.
A menina era uma casca vazia, sem
alma. Sônia sentiu a tensão crescer em Gabriel.
- Tão pequena...
Crianças transformadas em vampiros,
apenas por piada, isso era algo que ele não conseguia suportar, mas
tinha que manter a mente focada no trabalho. Deixaria ela por
enquanto, depois que matassem o tal Vladimir, cuidariam dela.
***
Sentado
a um trono confortável, em uma sala finamente decorada, iluminada por
velas e lampiões, estava um homem alto, loiro de cabelos compridos.
Vestia-se de vermelho e estava de pernas cruzadas com uma taça de
sangue em uma das mãos. Aos seus pés estava uma menina de 13 ou 14
anos, sem roupas, presa no pescoço por uma corrente. A menina beija
os pés do homem e se insinuava para ele. A pele dela é branca como
leite, e os olhos tinham uma leve coloração vermelha.
Sobre
a mesa, um corpo de um jovem rapaz, aberto no pescoço até um umbigo; seu sangue fresco ainda escorria.
- Ouvi dizer que sua irmã está te procurando, minha querida. O meu servo foi recebe-la por nós.
- Vai transforma-la em sua escrava também, mestre?
- O que você acha? Quer ter ela por aqui?
- Quero servir ao senhor com minha irmã. Somos as mais bonitas moças de toda Crescent.
- Eu sei, por isso eu dispensei todas as outras. Escuto passos. Deve ser o inútil do meu servo.
Uma
moça coberta por um capuz cinza entra no aposento. Ela estava com as
maos juntas, na frente do peito. Por algum motivo, a presença dela
incomodava o vampiro.
- Quem é você? Scarlet? - perguntou ele. - Cade o idiota do Jollo?
- Scarlet? Minha irmã? - a pequena vampira ficou de pé; queria ir ate ela, mas a corrente não deixava.
- Ela não é sua irmã, minha querida. - ficou de pé. - Quem é você?
- Viemos pela garota – disse uma voz áspera.
Alguem
surge por de trás da mulher de capuz. Seu rosto era muito mal
encarado. Uma cicatriz atravessava seu olho direito. Vestia-se todo
em couro, com botas de cano longo. Em suas mãos, um chicote preto, enrolado.
O
vampiro arregalou os olhos, mas manteve a pose de mau.
- Chegaram tarde, a pequena Melissa O´hara já é uma das minhas. A mais linda.
Melissa
se ajoelhou em frente ao cadáver na mesa, e lambeu o sangue que
escorria.
Gabriel
sentiu todos seus músculos se contraírem com a raiva.
Vladimir,
notando a raiva do rapaz, aproveitou a chance para provoca-lo ainda
mais:
- Tudo bem, a sua amiga parece ser saborosa o bastante, ela vai servir por hoje. - passou a língua entre os dentes.
Mais
rápido do que se esperava, o rapaz brandiu o chicote, fazendo-o
estalar no rosto do vampiro.
Urrou
de dor,cobrindo a ferida com a mão. Aquele chicote queimava como
fogo, era uma dor que arma nenhum jamais tivera lhe causado.
- Esse chicote... já ouvi falar, é um vampire killer!
- Eu sou Gabriel, e este é o dia do seu julgamento!
O
vampiro e sua cria armam suas garras.
Sônia
pega sua cruz de prata e junta-se ao seu parceiro caçador.
CONTINUA...
(link do capitulo 1: Bloodlines http://kenneneashespace.blogspot.com.br/2013/10/hunted-hunter-capitulo-1-bloodlines.html )
0 comentários:
Postar um comentário