Era madrugada, a
estrada estava vazia, a única luz disponível era o farol do carro. Selene e o
namorado voltavam de uma festa a alguns quilômetros de sua casa em uma região
afastada da cidade. Ambos jovens, por volta dos vinte e poucos anos, embriagados
e irresponsáveis, características típicas da idade.
David dirigia o
carro com uma das mãos no volante e outra deslizando pela coxa da garota. Ela
sugeriu que fosse melhor parar o carro, mas foi ignorada. Decidiu não insistir.
Em uma reta ele se
virou por um instante para beijá-la e quando voltou sua atenção para a estrada
viu um grande clarão e ouviu uma buzina...
Selene acordou
suando frio, coração batendo a mil e respiração ofegante.
Fitou o quarto
escuro e correu para acender a luz. Diante do espelho observou sua imagem,
usava uma blusa branca e uma calcinha da mesma cor, na sua coxa direita ainda
estavam às cicatrizes que a lembravam de ter ficado presa nas ferragens durante
o acidente. Acidente o qual só havia sobrevivido por um milagre, mas o namorado
não teve a mesma sorte.
Abriu a janela e
viu que o sol não tardaria a surgir no horizonte. Foi até o banheiro escovou os dentes e trocou
de roupa.
Quando passou pela
cozinha sua mãe que já se levantara e preparava o café a chamou:
– Aonde vai tão
cedo?
– Correr um pouco.
– disse no automático, batendo a porta atrás de si.
Ela
certamente não era a mesma depois do acidente. Todos diziam
que logo o trauma passaria e ela voltaria a agir como antes... mas isso não aconteceu.
As palavras seguir em frente foram ditas demais, não que tivesse adiantado.
No fim das contas naquele dia fazia um ano desde o terrível acidente
e os pesadelos se tornavam cada vez mais freqüentes e reais. Era como viver varias
vezes a mesma cena, varias vezes o mesmo inferno...
Selene balançou a cabeça para espantar os pensamentos. Aumentou
o som nos fones de ouvido e passou a correr mais rápido. Quando se deu conta já
estava diante dos portões do cemitério. Era como se algo a sugasse lá para dentro.
A última vez que estive ali fora justamente no enterro do namorado. Nunca teve coragem de voltar, sempre teve muito medo de ambientes como aquele. No entanto, havia uma força
que a puxava para dentro junto com uma voz que parecia sussurrar o nome dela em
sua mente.
Então... Selene entrou. Arrepiada da cabeça aos pés, mas entrou.
Às portas de ferro rangeram ao serem abertas. O ambiente fúnebre a deixava aterrorizada.
Caminhou por entre as lápides negras a pouca luz do amanhecer. Parou diante de um túmulo feito de mármore, afastou uma coroa de flores já seca e observou a foto. Nela David sorria abraçado ao cachorro.
Ela deitou-se sobre o túmulo. Pensava em como seria se ele ainda estivesse ali, tinham tantos planos...
– Selene... – Ela ouviu seu nome e se sentou assustada.que logo o trauma passaria e ela voltaria a agir como antes... mas isso não aconteceu.
As palavras seguir em frente foram ditas demais, não que tivesse adiantado.
No fim das contas naquele dia fazia um ano desde o terrível acidente
e os pesadelos se tornavam cada vez mais freqüentes e reais. Era como viver varias
vezes a mesma cena, varias vezes o mesmo inferno...
Selene balançou a cabeça para espantar os pensamentos. Aumentou
o som nos fones de ouvido e passou a correr mais rápido. Quando se deu conta já
estava diante dos portões do cemitério. Era como se algo a sugasse lá para dentro.
A última vez que estive ali fora justamente no enterro do namorado. Nunca teve coragem de voltar, sempre teve muito medo de ambientes como aquele. No entanto, havia uma força
que a puxava para dentro junto com uma voz que parecia sussurrar o nome dela em
sua mente.
Então... Selene entrou. Arrepiada da cabeça aos pés, mas entrou.
Às portas de ferro rangeram ao serem abertas. O ambiente fúnebre a deixava aterrorizada.
Caminhou por entre as lápides negras a pouca luz do amanhecer. Parou diante de um túmulo feito de mármore, afastou uma coroa de flores já seca e observou a foto. Nela David sorria abraçado ao cachorro.
Ela deitou-se sobre o túmulo. Pensava em como seria se ele ainda estivesse ali, tinham tantos planos...
Um
arrepio varreu o seu corpo. Olhou para os lados, mas não viu ninguém.
– Selene... – O sussurro continuou.
Seu primeiro desejo foi sair correndo dali. Aparentemente aquela era a atitude mais sensata, contudo ela não o fez. Sentia-se congelada.
Colocou-se de pé e olhou mais uma vez para os lados. Não havia mais ninguém vivo ali...
– Selene... – A voz que parecia chamá-la vinha de uma cripta a poucos metros do túmulo do seu namorado. A sua curiosidade fez com que desse alguns passos na direção da voz, porém ela vacilou... seu subconsciente a mandava sair dali, contudo era impossível obedecê-lo.
Quando se deu conta estava ouvindo o barulho da porta da cripta ao ser aberta.
Arrependeu-se de estar ali, deveria dar meia volta e ir para casa. Contudo não o fez, deu mais um passo para dentro da cripta e a porta se fechou... Selene se voltou para trás com o susto e correu para a porta tentando abri-la, esmurrou repetidas vezes, no entanto não conseguiu fazer com que ela se abrisse. Levou as mãos ao pescoço ao sentir-se asfixiada. Céus! Como aquele lugar era abafado.
– Selene... – O sussurro continuou.
Seu primeiro desejo foi sair correndo dali. Aparentemente aquela era a atitude mais sensata, contudo ela não o fez. Sentia-se congelada.
Colocou-se de pé e olhou mais uma vez para os lados. Não havia mais ninguém vivo ali...
– Selene... – A voz que parecia chamá-la vinha de uma cripta a poucos metros do túmulo do seu namorado. A sua curiosidade fez com que desse alguns passos na direção da voz, porém ela vacilou... seu subconsciente a mandava sair dali, contudo era impossível obedecê-lo.
Quando se deu conta estava ouvindo o barulho da porta da cripta ao ser aberta.
Arrependeu-se de estar ali, deveria dar meia volta e ir para casa. Contudo não o fez, deu mais um passo para dentro da cripta e a porta se fechou... Selene se voltou para trás com o susto e correu para a porta tentando abri-la, esmurrou repetidas vezes, no entanto não conseguiu fazer com que ela se abrisse. Levou as mãos ao pescoço ao sentir-se asfixiada. Céus! Como aquele lugar era abafado.
Escorreu
pela porta e caiu sentada. Estava paralisada de medo. Trancada dentro de uma
cripta no cemitério.
Olhou
para o tumulo de mármore e viu um livro de capa preta sobre ele. A curiosidade
fez com que ela se levantasse e pegasse o livro. Ele era pesado e cheio de
poeira. Quando o tirou do lugar a porta misteriosamente abriu. O primeiro
instinto dela foi pegá-lo e sair correndo dali.
Chegou
em casa bufando. Com o livro de baixo do braço passou correndo pela mãe e foi
para o quarto. Jogou-se sobre a cama. Pensou no que havia feito e arrepiou-se
só de lembrar. Jamais colocaria os pés naquele lugar de novo. Definitivamente
não era território para os vivos...
Acabou
pegando no sono...
Quando
acordou já era fim de tarde. Sentia-se faminta. Então desceu para comer alguma
coisa. Estava sozinha em casa, provavelmente sua mãe deveria ter ido ao mercado
ou a casa de uma amiga. Abriu a geladeira colocou o resto do almoço no prato e
esquentou no microondas.
Quando
voltou para o quarto viu o livro caído ao lado da cama e decidiu abri-lo. Não
fazia ideia do conteúdo. As primeiras páginas
estavam repletas de assinaturas... viu a do namorado e quase caiu para trás
soltando o livro. Aquilo não era possível... virou mais páginas, todas em
branco. Nas ultimas páginas do livro havia algo escrito além de assinaturas.
Aquele
que é dono do livro é dono dos mortos. Cabe a ele decidir quem descansa ou anda
em meio aos vivos. Mas a alma dos vivos uma vez que abandona o corpo é incapaz
de retornar.
Balela!
Ela fechou o livro. Aquilo tudo não passava de uma pegadinha de mal gosto de
alguém. Selene não era o tipo de pessoa que acreditava nessas coisas. Não sabia
por que havia pegado aquele maldito livro, mas estava tão assustada...
Acabou
por lagar o livro de lado e ir assistir qualquer coisa que passava na TV. Deveria
ter sido ela a morrer naquele acidente, pelo menos não estaria naquela
situação, pensou consigo mesma... Só queria ele de volta.
Por
fim, acabou pegando no sono novamente.
...
Um
ratinho corria sobre o tumulo e se assustou ao perceber que algo se movimentava
lá em baixo, saiu correndo as pressas. A tampa de mármore do tumulo saiu do
lugar.
...
Selene
acordou no meio da noite com o seu celular tocando. Não reconheceu o número,
mas atendeu assim mesmo.
– Lene... – ouviu uma
voz familiar do outro lado da linha. Não era possível.
– David? – murmurou
sem acreditar.
– Lene... – ele resmungou
novamente.
– Onde você está, David?
– Ce-ce- mi- té- rio.
Um arrepio percorreu
o seu corpo. Só poderia estar tendo um pesadelo, se beliscou.
– Lene... – ouviu a
voz dele novamente.
– Eu estou indo
para ai. – ela disse sem pensar. Pegou sua jaqueta e foi correndo na direção do
cemitério.
Algo no seu intimo
a dizia para voltar para casa, mas a vontade de ver seu namorado era maior do
que qualquer coisa. Ele significa tudo para ela, e sem tê-lo sentia-se perdida.
Uma neblina densa
cobria o chão do cemitério. Quando Selene abriu o portão ele soltou um rangido
agudo que fez com que os pássaros em uma árvore próxima voassem.
Ela deu alguns
passos, receosa, para dentro do cemitério. Viu um telefone publico de onde
provavelmente recebera a chamada. Andou mais um pouco com os braços abraçando o
próprio corpo. Por um breve momento imaginou que estivesse louca, era bem provável,
foi então que o viu...
Havia um rapaz
sentado de costas sobre um tumulo, a névoa tornava a sua aparência disforme,
era difícil identificar seus traços.
Correu na direção
dele, parando alguns metros antes de alcançá-lo. A aquela distancia já era possível
vê-lo bem. Suas roupas estavam rasgadas e sujas de terra, havia alguns machucados
profundos nas suas costas, onde a carne tinha um tom escuro.
– David? – Selene
sussurrou.
O seu chamado fez
com que o rapaz se voltasse para ela. A jovem levou a mão à boca para conter o
grito de horror ao olhar para o rosto que costumava ser a coisa mais bela do
mundo. Os olhos azuis não estavam mais lá, deixando a mostra a musculatura e o
nervo, as bochechas estavam fundas e uma parte da pele do rosto havia sido
devorada, deixando a mostra o maxilar.
Foi a coisa mais horrível
que viu em toda vida.
– Lene... – ele sussurrou
como um mantra, e começou a caminhar na direção dela.
– David, é você? –
ela perguntou assustada.
– Lene...
A garota deu um
passo para trás e então começou a correr.
– Lene...
Não deveria ter ido
lá, não deveria estar ali, aquele não era o David. Seus pensamentos eram puro
caos. Acabou por tropeçar em um galho e ir ao chão. Foi o bastante para que David
a alcançasse
– David, não! – ela
berrou contra o mostro que a arrastava.
Mas ele não estava
ali. Era só um corpo sem vida... sem alma.
...
O livro havia
voltado misteriosamente para a cripta, em uma das páginas antes branca surgiu o
nome da jovem.
...
Garota é encontrada morta, com profundas dilacerações pelo corpo, próximo
ao tudo do namorado.
Foi a manchete que
estampou os jornais na manhã seguinte.
By Ashe
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