Prefácio
5 anos atrás
Um garoto voltava da escola,
quando foi surpreendido por um carro em alta velocidade que atingiu a sua
bicicleta, lançando-o contra um muro de concreto. Ele caiu com força no chão,
discordado. Uma poça de sangue começou a se formar ao lado de sua cabeça.
O motorista do veiculo que
atropelara o pobre menino estava assustado demais e sua ficha com a polícia não
era nada limpa, caso ele fosse pego dirigindo embriagado novamente e sem a
carteira de habilitação, certamente ficaria um bom tempo de molho na cadeia. O
homem acabou não pensando duas vezes antes de pisar fundo no acelerador para
fugir sem nem ao menos prestar socorro a vitima que se esvaia estirada no
asfalto há alguns metros.
Uma pequena multidão de curiosos
aos poucos foi se formando ao redor do menino. Mulheres desesperadas berravam
por socorro, pessoas corriam de um lado para o outro sem saber o que fazer. A
linha que prendia a alma do garoto ao seu corpo estava cada vez mais estreita.
Uma sombra negra saiu de dentro
do bueiro no meio da avenida e avançou na direção do garoto. Ninguém na
movimenta avenida principal percebeu a aproximação da mancha escura que saltou
sobre o menino empurrando a sua alma de volta para o corpo e misturando-se a ela.
O menino abriu os olhos, olhos
totalmente negros que quase saltavam das orbitas. O profundo ferimento em sua
cabeça se fechou em um instante. Pouco depois ele se colocou de pé como se nada
estivesse acontecido.
– Ei, menino, tudo bem? –
perguntou um sujeito preocupado.
O garoto balançou a cabeça
positivamente. O homem ficou preocupado, mas não insistiu, misteriosamente ele
realmente parecia estar bem. Porém não tinha ideia de que sua vida nunca mais
seria a mesma.
Capitulo
um
Punição
Eu me orgulhava de ser um anjo,
um anjo da morte, aquela que ia buscar as almas assim que estas se desprendiam
do fio que ligava ao corpo humano, levando-as para o céu ou para o inferno. Não
cabia a mim julgá-las apenas direcionar o seu caminho.
As almas humanas eram tão
insignificantes, eram levadas ou corrompidas sem o menor esforço. Na verdade os
humanos eram insignificantes, ocupados demais com suas vidinhas medíocre e
passageiras, sempre tentando passar a perna uns nos outros.
Acariciei minhas longas asas
negras, o símbolo de um anjo da morte, humanos que viam essas asas já estavam
de passagem marcada para o céu ou para o inferno.
– Izabella! – chamou uma voz grave
e retumbante.
Saltei do divã e corri em direção
ao meu chamado.
Azarel estava de pé sobre as
nuvens, vestindo sua imponente túnica branca, suas asas negras
resplandeciam. Ele era o meu chefe, o
comandante de todos os anjos da morte.
– Mais uma alma para ser levada,
senhor? – indaguei a ele.
– Alma? Oh, não. Esse assunto não
lhe diz respeito mais, Izabella. – ele disse, em um tom inexpressivo.
– Como assim, mestre? – perguntei
confusa. – Eu sou um anjo da morte.
– Não mais, Izabella. Não mais. –
disse outra voz.
Outro anjo surgiu ao lado de
Azarel. Ele era alto, tinha olhos da cor do eu, cabelos dourados, suas asas
brilhavam quase como a luz do criador, a mais pura e poderosa do mundo. Miguel,
era o lider supremo dos anjos, o mais poderoso de todos.
Curvei-me diante dele.
– Mestre?
– Odiar os humanos não é uma
coisa boa, Izabella. Não, o ódio não é uma coisa boa, principalmente para um
anjo.
– Mas eles são inferiores. –
aleguei.
Miguel balançou a cabeça
negativamente.
– Diante do criador todos somos
iguais, Izabella, todos. – disse Azarel.
– Você será punida, Izabella.
Rebaixada a anjo da guarda
– Não, por favor, não! –
supliquei. Eles não poderiam fazer aquilo comigo. – Isso não é justo.
– O criador é justo, Izabella. –
afirmou Miguel. – Acredite, ele está te dando uma chance de rever os seus
conceitos e mudar para melhor.
Um terceiro anjo surgiu ao lado
dos outros dois. Ele possuía cabelos castanhos e olhos cor-de-mel, suas asas
tinham um tom amarelado.
– Venha comigo. – pediu Lucas o
terceiro anjo.
– Por favor, mestre, não. –
implorei a Miguel.
– Vá com ele. – foi tudo que me
disse, antes de virar um feixe de luz e desaparecer seguido por Azarel.
Encarei Lucas por alguns segundos
antes de dar a minha mão a ele. Sabia que não me restava escolha a não ser
acatar a decisão daqueles que estavam à cima de mim.
– As coisas não são tão ruins
quantos parecem. – disse Lucas, segurando firme a minha mão, no momento em que
as minhas asas mudaram de cor passando do preto a uma cor amarelada.
Não, elas são bem piores, pensei.
– Vamos, Izabella. A sua primeira
missão já a espera. – Chamou Lucas. – O nome dele é Pedro Souza, ele é um
adolescente encrenqueiro, garoto arredio com problemas na família e na escola.
– E como eu devo protegê-lo?
– Contra ele mesmo. – respondeu
Lucas. –Mas vamos logo, não tem mais tempo a perder. Aproxime-se do garoto e
proteja-o.
Não me restou tempo para mais
nenhuma pergunta. As nuvens sob os meus pés se abriram e eu cai.
Continua...
By Ashe
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