quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Hunted Hunter - Capítulo 4: Crystal Teardrops


Não esqueça de acompanhar os capítulos anteriores:

Cap.1- http://kenneneashespace.blogspot.com.br/2013/10/hunted-hunter-capitulo-1-bloodlines.html

Cap.2 - http://kenneneashespace.blogspot.com.br/2013/11/hunted-hunter-capitulo-2-vampire-killer.html

Cap.3- http://kenneneashespace.blogspot.com.br/2013/11/hunted-hunter-capitulo-3-dance-in.html


     Com a missão cumprida, os caçadores fazem o caminho de volta à cidade de Crescent. Gabriel estava levemente de mau humor naquela manhã, por isso, decidiram que Sônia faria a parte diplomática; ele pode ser bom com armas mas não é muito hábil com as palavras, ainda mais para dar noticiais delicadas à senhorita O´hara: "Sua irmã virou vampira e eu matei ela, cadê nosso dinheiro?". Seria melhor não. Sônia era mais indicada a tal tarefa, ela sabia disso e se quisessem algum dinheiro pelo trabalho, deveriam ser o mais cautelosos o possível.
     Eles nunca tinham visto sua contratante; logo que chegaram à Crescent, um homem os abordou enquanto estavam na igreja. Esse homem se apresentou como enviado da família O´hara, uma rica família local, cuja uma das filha desapareceu. Ofereceu-lhes dinheiro, à pedido de Scarlet O´hara, a mais velha filha da família O´hara. Sua irmã mais nova, Melissa, tinha sido a ultima garota a sumir.
    Gabriel e Sônia tinham ouvido rumores sobre garotas sumindo nas proximidades do bosque. O enviado dos O´hara alegou ser obra de um lorde vampiro da região...
     ***
      Logo que chegaram à cidade, os dois foram até a residência O´hara. Era uma grande casa cercada por cerca de madeira. Eles devem ser bem ricos, pensou Gabe.
    - Lembre-se, fique em silencio, deixa eu eu cuido da conversação. 
    - Não vou estragar sua diplomacia... - respondeu ele com mau humor. - Precisamos do dinheiro.
    No portão, foram recebidos por um empregado; um homem alto e bem vestido. Sônia se identificou como os caçadores contratados e requisitou uma audiência com Scarlet. O empregado torceu o nariz; pediu para que esperassem do lado de fora enquanto iria verificar se a senhorita estava disponível.
     A sacerdotisa agradeceu ao homem que se retirou em seguida. Gabriel cruzou os braços tentando não transparecer o quão ranzinza estava. Tomou um ar e olhou à sua volta; o jardim da casa era lindo: a grama muito bem aparada, flores de várias cores e uma arvore com um balanço amarrado em um dos galhos. Fixou os olhos no balanço por um momento; não podia deixar de imaginar Melissa brincando nele. Ficou estático, com a cena da criança brincando e se divertindo no jardim... Ainda não aceitava o destino daquela menina.
      - Ei. - disse Sônia, com uma mão no ombro dele.
      Despertou do transe com o toque dela.
      - Estou bem.
      - É o balanço? quer se sentar nele enquanto esperamos? Eu sei que você não teve infância, então não faz ideia de como é divertido se balançar.    
      - Estou bem.
      - Eu empurro você. - disse com um sorriso.
      - Já disse que estou bem. Eu só estava... imaginando a menina brincando nele...
     Sônia suspirou e baixou a cabeça. Crianças vítimas de vampiros sempre o deixavam assim. Era triste, mas no final, tudo virava combustível para o ódio dele, o que de certa forma, o dava forças.
       Voltou-se para a amiga e sorriu:
      - Vou ficar bem. Eu sempre fico.
      Nesse momento, o empregado voltou pela porta da frente:
      - A senhorita vai recebe-los agora, por favor me acompanhem.
      Logo que terminou de falar, ele deu as costas e entrou na casa, seguido de perto pela dupla. A casa era ainda mais linda por dentro; extremamente elegante e impecavelmente arrumada. Foram guiados até uma sala com poltronas de veludo vermelha, carpetes ricamente trabalhados, janelas enormes coberta por cortinas azuis. Ao fundo da sala, uma lareira acesa e sobre ela, um retrato de uma jovem moça em frente à propriedade.

     Ao lado da lareira, de costas para eles, havia uma pessoa trajando um vestido parecido com aquele da pintura.
    - Senhorita, aqui está o caçador e a freira.
    - Obrigada. Deixe-nos a sós.
      O empregado fez um sinal com a cabeça e deixou a sala. A moça continuava de costas para eles.
     - Senhorita O´hara? é um prazer conhece-la finalmente. - disse Sônia.
     - Minha irmã não está com vocês, caçadores. Devo presumir que o pior aconteceu?
      Gabe estava encostado na parede, com os braços cruzados, tentando ser imparcial. Sônia prosseguiu:
      - Sentimos muito, senhorita. Quando chegamos, sua irmã já havia sido transformada em vampiro. - a sacerdotisa apertava as próprias vestes com as mãos, nervosa. - Então...
      - Então vocês a mataram - Scarlet finalmente virou-se, encarando-os. - Como fizeram coma  filha do Conde Ainslead?
        Scarlet era jovem, mas seu rosto trazia a expressão de uma mulher muito sábia. No fundo dos seus olhos e do seu tom de voz, era possível notar tristeza. Assim mesmo, ela permanecia firme.
       - A filha o Conde estava perdida. Quando a encontramos, ela já havia matado muitas pessoas. Sua alma já não era mais humana.
        - E a Melissa? ela também era um monstro?
       Gabriel fez uma expressão de dor, mas continuou quieto.
       - Quando a encontramos ela estava perdida, sem controle das próprias atitudes. Mas ela ainda pensava em você, senhorita Scarlet. Depois que destruímos o vampiro, ela chorou e disse que não queria ser vista pela família, naquele estado lastimável...
         Sônia mentiu. Gabriel estranhou a atitude, mas não se manifestou.
       - Pobre Melissa... era tão jovem... - Scarlet secou as lágrimas com um lenço. - E depois? como ela...
       - Eu orei pela alma dela. Pedi a nosso senhor que a aceitasse em seu reino... Isso foi tudo que sobrou. - Estendeu a mão, mostrando a ela um pingente de cristal em forma de lágrima.
       Scarlet aproximou-se e pegou a lágrima de cristal. Apertou-a na palma da mão e fechou os olhos, deixando mais lágrimas escorrerem.
       - Nossa mãe deu isso a ela, quando ela era bem pequena... Obrigada por terem trazido de volta.
       - Fizemos tudo a nosso alcance, sinto muito senhorita. Essa noite vou orar pela almas das garotas que se perderam para aquele vampiro.
       - Sou muito grata, tenho certeza que ela e nossa mãe ficaram muito felizes... mas agora, acho que tenho uma conta para acertar com os senhores.
       Os dois estremeceram. Não se sentiam bem com aquela situação, mas o dinheiro poderia ser muito útil. A senhoria caminhou até a escrivaninha, de onde tirou um pequeno saco de pano. Abriu-o e conferiu o conteúdo.
       - Eu espero que 700 libras em ouro sejam o bastante por seus problemas. - disse, entregando o saco para Sônia.
       - São mais do que o bastante, senhorita, obrigada.
       - Que bom, fico feliz, agora, se me dão licença eu...
       - Tenho uma pergunta, senhorita O´hara.
       Gabriel se desencostou da parede e aproximou-se um pouco, olhando-a nos olhos. Sônia sentiu o corpo arrepiar; o que ele estava pensando em fazer?
       - Pois muito bem. Faça sua pergunta.
       - Como sabia que estávamos na cidade? Digo, quando nos contratou.
        Scarlet ficou surpresa com a pergunta. Alisou o vestido com as mãos, sorriu e respondeu:
       - Vocês dois tem certa fama, sabiam?
       - Temos? Você nos abordou com seu empregado, um adiantamento em dinheiro e um plano pronto. Achei estranho.
        Ela suspirou e continuou calmamente:
        - Sim o plano do disfarce com o vestido. Eu imaginava que quem quer que fosse que estava sequestrando as garotas, poderia ter interesse em mim. E quanto ao lorde vampiro... não era segredo, é só perguntar pela cidade. Mas respondendo sua pergunta: sim, eu esperava vocês dois. Soube que o Conde Ainslead contratou caçadores recentemente.
       - Então presumiu que nó fôssemos os tais caçadores?
     - Eu tinha certeza. E digamos, Gabriel, que nós dois temos uma amiga em comum. Lembra da Glória? Glória Sizemore? ela lembra de você.
       - hnnn.  Ok. Adeus, senhorita O´hara.
        Fez uma reverencia e virou as costas. Sônia agradeceu pela ultima vez e o seguiu.

    Glória Sizemore era uma amiga de infância de Gabriel. O avó dela é muito amigo do avó dele e por isso, cresceram juntos uma boa parte da infância. Depois de Jonathan foi assassinado, os dois passaram a se ver com menos frequência. A ultima vez que se viram foi no aniversário de 15 anos dela; um grande baile em sua residência. Ele não queria ter ido mas ela insistiu muito. Dançaram juntos e antes de ir embora, Glória propôs a ele esquecer essa historia de caçar vampiros para se casar com ela. Ele recusou e eles discutiram. Já fazem 2 anos desde então.
      Sônia sabia que Gabe odiava o assunto, mas ainda assim, sentiu a necessidade de espeta-lo:
       - Ela ainda pensa em você.
       - Não me importa.
       - Ela gosta de você. Pelo visto, fala bem de você.
       Gabe virou-se para sua parceira  deu de dedo na cara dela:
      - Já chega. Temos coisas para comprar com esse dinheiro. Ainda temos que visitar o esconderijo dos amiguinhos da Ashlotte Ainslead, lembra-se? Colina Olney?
     - Não tão rápido. Eu quero passar a noite aqui em Crescent. Quero orar na igreja, precisamos...
        - Não! o que precisamos fazer é continuar viagem.
       Sônia afastou o dedo dele que ainda estava apontado para o nariz dela e falou com muita seriedade:
        - Nós vamos descansar hoje. Que tal comer algo decente pra variar? e um banho? eu não me importo se você gosta de ficar sujo, mas eu quero um banho! E que tal uma cama, Gabriel? Uma cama quente, só hoje? A quanto tempo não dormimos em uma cama? Hoje descansamos. Esse dinheiro é tão seu quanto meu, não me negue comida, banho e uma boa cama.
       Deixaram a casa dos O´hara; Sônia à frente, emburrada e Gabriel atrás,com o humor ainda pior.

***
      Além de suprimentos básicos de viagem, Gabriel também comprou algumas lâminas de arremesso, um corselete de couro e duas braçadeiras de tecido com bolsos para pequenos vidros de agua benta. Agua benta guardadas na braçadeiras era uma jogada estratégica que ele tinha inventado; ficariam bem disfarçadas e prontas para serem arremessadas de surpresa. 
       Pegaram um quarto na estalagem e tomaram um bom banho quente. Gabriel também tomou o banho, ele não tinha nada contra ficar limpo, ao contrario do que Sônia pensava; já que a ordem do dia era descansar, um banho era uma ótima maneira de relaxar o corpo. A noite, Gabe acompanhou a parceira até a igreja, onde oraram pelas meninas mortas. Scarlet juntou-se a elas na oração.
       Depois da oração, voltaram à estalagem para jantar...
                   ***

       Um grande pedaço de carne com batatas assadas foi o que pediram. Uma caneca de cerveja para Gabriel e agua para Sônia. Era a melhor refeição que eles tinham em muitos dias. Sem falar no banho e na cama macia que teriam essa noite. Estavam felizes por ter essa pequena pausa. Gabriel também estava feliz, apesar de não admitir; era bom ter passar uma noite em um lugar limpo, iluminado e com pessoas que não querem mata-los. A carne estava deliciosa e realmente precisavam comer algo mais saudável e consistente do que as rações de viajantes que sempre comiam; ma mistura de carne seca com queijo, não muito bom, mas dura muitos dias na bolsa e enche o estomago.
      - É tão bom comer comida de verdade. - Disse ela. - Eu to enjoada dessa ração de viagem.
     - Aproveite sua carne e batatas, pois vamos voltar a comer as rações a partir de amanha. A colina Olney não é muito perto daqui.
        Sônia mastigou um pedaço de batata e bebeu um longo gole de agua.
       - Eu estive pensando...
       - Você e essa sua mania...
       - Deixa eu terminar? eu estou preocupada. Com a Laura...
       Gabriel quase derrubou a caneca de cerveja.
        - Como...?
       - E se ela estiver de alguma forma por trás disso tudo? o Vladimir mencionou ela. Ela sabia que você iria até ele.
      Soltou o pedaço de carne que estava comendo e baixou a cabeça, pensativo. Ela sentiu-se mal por trazer esse assunto, mas não podiam ficar evitando pensar nele. Principalmente se ela estiver certa sobre a vampira.
       - A vida inteira eu esperei pelo dia que a encontraria. Eu sei o que fazer se isso acontecer, e quer saber? que venha! Tenho contas a acertar com ela!
          - Eu sei! eu confio em você, mas não confio nela! Ela pode estar tramando algo.
          - Eu vivo só pra isso. Seja como for, vou encarar sem medo.
          Sônia suspirou, se soltando na cadeira. Não tinha como falar com ele. Só o que a restava fazer era rezar por ele.
         Depois do jantar, subiram para dormir, partiriam de manhã.
         Naquela noite, Gabriel sonhou com Laura, mais uma vez...

        Jonathan estava morto no chão. Um buraco atravessava seu estomago. A vampira tinha sangue escorrendo pelo pescoço.
         - Não! você matou ele! 
         Pulou de trás da arvore onde estava, gritando para a vampira.
         Ela encarou a criança que gritava e chorava. Era o irmão daquele que jazia no chão.
         Coma s mãozinhas tremulas, o menino pegou uma pedra do chão.

         - Você matou meu irmão! você matou ele!
         Atirou a pedra nela, mas infelizmente, sua mira não era muito boa, acertou-a na perna.
        - Moleque idiota! - gritou ela, pulando em cima dele.

       Acordou. estava soado e assustado. Na cama ao lado, Sônia dormia profundamente. Pensou em acorda-la, mas achou melhor deixa-la descansar, ela merecia. Cobriu-se para tentar voltar a dormir. Estava certo que o confronto com o fantasma do seu passado estava cada vez mais próximo.





continua...

By Kennen.








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